Os Babilaques de Waly Salomão

A coleção “Poesia Total”, disponível para download, reúne a obra poética completa de Waly Salomão. Aproveite para saber mais sobre o poeta, produtor cultural, diretor artístico e letrista de música popular brasileira.

Waly Dias Salomão foi poeta, produtor cultural, diretor artístico e letrista de música popular brasileira. Nascido no interior baiano, filho de um imigrante sírio e de uma sertaneja, Waly Salomão é um dos expoentes do tropicalismo.
Waly foi apresentado como ponta de lança de uma geração de poetas que pensava a produção literária  a partir de sua articulação com as outras artes. A contracultura se fortaleceu num movimento de resistência à censura e refletia às diversas manifestações do inquieto cenário cultural no Brasil das décadas de 1970 e 1980.
 
O primeiro livro de poemas, Me segura que eu vou dar um troço, foi lançado em 1971. Os poemas presentes no livro de estréia foram escritos durante a temporada na prisão. Em 1972 participa da organização de Os Últimos Dias de Paupéria, que reúne poemas e artigos de Torquato Neto, seu parceiro no movimento tropicalista falecido nesse mesmo ano, e com quem edita o número único da revista Navilouca.

Babilaques: performances-poético-visuais

“Minha poesia está cada vez mais construída e elaborada - e menos montada sobre a verve verbal. Me considero quase antítese da escritura automática dos surrealistas" ​(lábia, 1998)

Em seus poemas, o autor insere desenhos recortados de jornais e revistas, que funcionam como vinhetas e sátiras, em um “processo incessante de buscas poéticas”, conforme descrito por Waly. Ao falar sobre a obra BABILAQUES (ALGUNS CRISTAIS CLIVADOS – publicado pela Martins Fontes, 2009) Waly advertia que “evitaria designá-los simplesmente como poemas visuais, já que essa designação é desatenta à somatória de linguagens”. Para criar a experiência, desenvolvida dentro de um processo incessante de buscas poéticas, o autor flexibiliza e aponta diferentes percepções da expressão. Para o título, recortou a palavra BABILAQUES, apostando na identificação da pluralidade de sentidos e significados.

A experimento foi iniciado em Lábia (1998), em que Waly faz uma espécie de reorganização poética a partir de temas provocativo, que atraem o leitor. O autor apresenta sua poesia mais elaborada, e menos inspirada na linguagem verbal. Um dos capítulos,intitulado “Post-mortem”, foi realizado depois que o poeta foi submetido a uma angioplastia.

Que durante o resto de tempo que me é concedido vivere na hora H da minha morte estampada na minha face esteja a legenda: O que amas de verdade permanece, o resto é escória. (Waly Salomão)​(lábia, 1998)

Poesia TotalA obra completa de Waly Salomão

“Poesia Total” reúne pela primeira vez a obra poética completa de Waly Salomão, desde Me segura que eu vou dar um troço, de 1972, até Pescados vivos, de 2004. O volume traz ainda uma seção de canções inéditas em livro, além de apêndice com os mais relevantes textos sobre sua obra, assinados por nomes como Antonio Cícero, Francisco Alvim e Davi Arrigucci Jr.

Me segura que eu vou dar um troço
Em 1970, Waly Salomão esteve preso no Carandiru por portar “uma bagana de fumo. Foi quando começou a escrever seu primeiro livro ”Me segura qu’eu vou dar um troço”,  publicado em 1972. Com referências mitológicas, o autor faz um resgate primitivo em seus textos, além das alusões ao sistema prisional.

Entre a prosa, a poesia e o ensaio, esta obra visceral e revolucionária se tornaria determinante para o movimento de contracultura que floresceu no Brasil naquela década, o poeta apresenta movimento e desordem. 

Me segura qu’eu vou dar um troço, de Waly Salomão (125 páginas) faz parte da coleção poesia de bolso lançada pela editora Cia das Letras, capaz de impressionar o leitor por sua densidade e potência. O volume conta com cronologia inédita do autor.

Maria Bethânia lê o poema "Sargaços", de Waly Salomão, presente no livro "Poesia total".

Maria Bethânia lê Waly Salomão