Nicanor Parra (1914-2018) foi um dos principais poetas chilenos do século XX. Considerado pelo crítico Harold Bloom e o escritor Roberto Bolaño, um dos maiores poetas do Ocidente, influenciou poetas como o beatnik Allen Ginsberg e William Carlos Williams.
Parra é o inventor da antipoesia, uma poesia não eloquente, próxima à língua cotidiana, falada nas ruas, irônica, sarcástica e provocadora.
O “antipoema” é subversivo pois denuncia as deformações ideológicas, o romantismo exacerbado, as platitudes e o kitsch. Inclui entre seus elementos uma personagem anti-heroica que observa ora o interior das casas ora flana por locais públicos de espaços urbanos e utiliza o humor, a ironia e o sarcasmo para denunciar o óbvio nos absurdos mal ocultados. Sua entonação e sintaxe não obedecem a um modelo literário, a linguagem é prosaica, falada todos os dias e em todos os cantos. A construção fragmentada apresenta uma dissonância que evoca a montagem ou colagem.
Recebeu o Prêmio Reina Sofía de Poesia Iberoamericana em 2001, o Prêmio Miguel de Cervantes em 2011 e foi várias vezes indicado ao Prêmio Nobel de Literatura.
Desde 1954, quando lançou Poemas e antipoemas, até 2018, quando faleceu aos 103 anos, Nicanor Parra nunca deixou de escrever e publicar, reinventando-se e atualizando-se a cada geração, seja através da poesia, das traduções ou dos seus “artefatos visuais”, com uma obra que revolucionou a literatura de seu país e influenciou gerações de escritores em todo o mundo.
Em 1932 mudou-se para Santiago, onde cursou o último ano do ensino médio no Internato Barros Arana, onde iniciou uma amizade com outros estudantes como: Jorge Millas, Luis Oyarzún e Carlos Pedraza. Os dois primeiros seriam escritores e Pedraza pintor.
Em 1933 ingressou no Instituto Pedagógico da Universidade do Chile, onde estudou matemática e física. Enquanto era estudante, trabalhou como inspetor no Internato onde estudou, onde também eram inspetores Millas e Pedraza, circunstância que o ajudou a manter laços com seus antigos colegas de estudos.
Em 1935 começou a circular a “Revista Nueva”, entre os inspetores, professores e alunos do Internato.
Em 1937 publicou seu primeiro livro: “Cancionero sin nombre”, com 29 poemas. Nessa época o autor tinha grande afinidade com a obra de Federico García Lorca.
No início da década de 1940, leu obras de Walt Whitman, outro autor pelo qual teve grande afinidade.
Em 1943, viajou para os Estados Unidos e realizou estudos de pos-graduação em física na Universidade Brown, localizada em Providence (Rhode Island), de onde retornou em 1945 para passar a ensinar na Universidade do Chile.
Também em 1943, escreveu uma obra de 20 poemas, que seria publicada como “Ejercicios retóricos”, em 1954.
Em 1949, viajou para a Inglaterra para assistir a cursos de cosmologia na Universidade de Oxford, de onde retornou em 1952.
Em 1954, publicou: “Poemas y antipoemas”. Dentre as obras que o influenciaram para escrever os “antipoemas”, pode-se citar: os filmes de Charles Chaplin, obras surrealistas e os escritos de Franz Kafka, Thomas Stearns Eliot, Ezra Pound, John Donne e William Blake.
Em 2011, ele recebeu o Prêmio Cervantes, oferecido pelo Ministério da Cultura da Espanha.