Arte Naif é reconhecida como patrimônio cultural da Paraíba
O texto também reconhece a cidade de Guarabira como ‘Capital Cultural da Arte Naif’. A cidade é berço também de alguns dos principais nomes da Arte Naif no Brasil. Como Adriano Dias, Marby Silva, Madriano Basílio e Clóvis Júnior
A exposição de Arte Naif montada no Centro de Documentação/MUSEU de Arte Naif, em Guarabira, é uma importante atração cultural da cidade. Fundado em 2019, reúne alunos, professores, educadores, famílias, além de amantes das artes plásticas e outros curiosos para contemplar a beleza das cores e formas das obras.
A exposição é composta por quase 200 quadros de 115 artistas plásticos, nas mais diversas técnicas que estão expostas ao público. Artistas dos 13 países participantes, dentre estes: Portugal, Romênia, Lituânia, México, Eslováquia e Venezuela.
Marcada pela diversidade de cores e tonalidades fortes, e desenvolvida quase sempre por artistas autodidatas, a Arte Naif agora é patrimônio cultural imaterial da Paraíba.
O texto também reconhece a cidade de Guarabira como ‘Capital Cultural da Arte Naif’.
A cidade é berço também de alguns dos principais nomes da Arte Naif no Brasil. Como Adriano Dias, Marby Silva, Madriano Basílio e Clóvis Júnior.
O termo arte naïf aparece no vocabulário artístico, em geral, como sinônimo de arte ingênua, original e/ou instintiva, produzida por autodidatas que não têm formação culta no campo das artes. Nesse sentido, a expressão se confunde freqüentemente com arte popular, arte primitiva e art brüt, por tentar descrever modos expressivos autênticos, originários da subjetividade e da imaginação criadora de pessoas estranhas à tradição e ao sistema artístico. A pintura naïf se caracteriza pela ausência das técnicas usuais de representação (uso científico da perspectiva, formas convencionais de composição e de utilização das cores) e pela visão ingênua do mundo. As cores brilhantes e alegres – fora dos padrões usuais -, a simplificação dos elementos decorativos, o gosto pela descrição minuciosa, a visão idealizada da natureza e a presença de elementos do universo onírico são alguns dos traços considerados típicos dessa modalidade artística.
A pintura naïf se caracteriza pela ausência das técnicas usuais de representação (uso científico da perspectiva, formas convencionais de composição e de utilização das cores) e pela visão ingênua do mundo.
As cores brilhantes e alegres – fora dos padrões usuais -, a simplificação dos elementos decorativos, o gosto pela descrição minuciosa, a visão idealizada da natureza e a presença de elementos do universo onírico são alguns dos traços considerados típicos dessa modalidade artística.A história da pintura naïf liga-se ao Salon des Independents [Salão dos Independentes], de 1886, em Paris, com exibição de trabalhos de Henri Rousseau (1844 – 1910), conhecido como “Le Douanier”, que se torna o mais célebre dos pintores naïfs. Com trajetória que passa por um período no Exército e um posto na Alfândega de Paris (1871-1893), de onde vem o apelido “Le Douanier” (funcionário da alfândega), Rousseau dedica-se à pintura como hobby. Pintor, à primeira vista, “ingênuo” e “inculto”, pela falta de formação especializada, dos temas pueris e inocentes, é responsável por obras que mostram minuciosamente, de modo inédito, uma realidade ao mesmo tempo natural e fantasiosa, como em A Encantadora de Serpentes, 1907. Seu trabalho obtém reconhecimento imediato dos artistas de vanguarda do período – como Odilon Redon (1840 – 1916), Paul Gauguin (1848 – 1903), Robert Delaunay (1885 – 1941), Guillaume Apollinaire (1880 – 1918), Pablo Picasso (1881 – 1973), entre outros -, que vêem nele a expressão de um mundo exótico, símbolo do retorno às origens e das manifestações da vida psíquica livre e pura.
Se em sua origem essa modalidade é definida como aquela realizada por amadores ou autodidatas, o processo de reconhecimento e legitimação obtidos nos circuitos artísticos leva a que muitos pintores, com formação erudita, façam uso de procedimentos caros aos naïfs. Além disso, a arte naïf desenha um circuito próprio e conta com museus e galerias especializados em todo o mundo.
No Brasil, especificamente, uma série de artistas aparece diretamente ligada à pintura naïf, como Cardosinho (1861 – 1947), Luís Soares (1875 – 1948), Heitor dos Prazeres (1898 – 1966), José Antônio da Silva (1909 – 1996) e muitos outros. Entre eles, ganham maior notoriedade: Chico da Silva (1910 – 1985) – menção honrosa na 33ª Bienal de Veneza – e Djanira (1914 – 1979).
Aluna do Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro, Djanira completa sua formação com aulas de Emeric Marcier (1916 – 1990) e Milton Dacosta (1915 – 1988), seus hóspedes na Pensão Mauá, no bairro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro. Nos anos 1950, ela é artista consagrada e uma das lideranças do Salão Preto e Branco.
A arte popular do Nordeste brasileiro – as xilogravuras que acompanham a literatura de cordel e as esculturas de Mestre Vitalino (1909 – 1963) – figura em algumas fontes como exemplos da arte naïf nacional.