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Cem mil livros num monumento contra a Censura

Cem mil livros censurados transformam Partenon em obra surpreendente.

 Uma obra para celebrar o conhecimento e acender o alerta contra a ignorância. Assim descreve a criadora do The Parthenon of Books. A instalação traz uma réplica do templo grego e foi construída com cem mil títulos que já foram e são censurados por diversos governos ao redor do mundo.

Assinada pela artista plástica argentina Marta Minujín, a obra integra o festival de arte Documenta e está exposta na Friedrichsplatz, em Kassel, na Alemanha. A escolha da praça para a instalação da obra também é simbólica pois, nela, cerca de dois mil livros foram queimados durante o regime nazista.

O projeto do Partenon de Livros Proibidos foi inspirado em um outro construído por Marta Minujín na Argentina em 1983, após a queda da ditadura civil-militar do país.

Para celebrar a liberdade intelectual e democrática vivida pelos argentinos, a obra apresentava os títulos que haviam sido banidos pelo governo militar. Após cinco dias exposta, a instalação foi desmontada e os visitantes puderam levar os livros para casa.

Para a construção do Partenon alemão, a artista plástica contou com a colaboração de estudantes da Universidade de Kassel, que selecionaram mais de 170 títulos que foram ou são proibidos em diversos países.

Os livros foram obtidos exclusivamente por meio de doações e amarrados à estrutura feita em aço com folhas plásticas. Isso permite a passagem da luz natural para dentro da edificação e protege os livros que, assim como os anteriores, voltarão à circulação.

Entre os títulos proibidos utilizados na construção do Partenon de Livros estão “O Pequeno Príncipe”, “Alice no País das Maravilhas”, “O Código da Vinci” e “Moby Dick”.”A obra “1984”, de George Orwell, também está entre os títulos proibidos que compõem a estrutura.

A obra assinada pela argentina Marta Minujín é um convite à celebração do conhecimento contra o absurdo obscurantista.

Marta Minujín

Nascida em Buenos Aires, Minujín é uma das principais artistas conceituais e da performance na América Latina. 

Marta Minujín nasceu no bairro de San Telmo, em Buenos Aires. Estudante no Instituto Nacional de Arte Universitária, exibiu pela primeira vez seu trabalho em um show de 1959 no Teatro Agón. Uma bolsa da Fundação Nacional das Artes permitiu que ela viajasse para Paris como um dos jovens artistas argentinos apresentados em Pablo Curatella Manes e Trinta Argentinos da Nova Geração, uma exposição de 1960 organizada pelo proeminente escultor e juiz da Bienal de Paris.

Ganhou o Prêmio Nacional em 1964 no Instituto Torcuato di Tella de Buenos Aires, onde preparou dois eventos: Eróticos en technicolor e Revuélquese y viva interativo. Sua Cabalgata (Cavalgada) foi ao ar na televisão pública naquele ano, e envolveu cavalos com baldes de tinta amarrados às suas caudas. Esses monitores levaram-na para Montevidéu, onde organizou Sucesos no Estádio Tróccoli da capital uruguaia, com 500 galinhas, artistas de formas físicas contrastantes, motocicletas e outros elementos.

Comprando um carregamento de milho, Minujín dramatizou o custo argentino do serviço da dívida externa com uma série de fotos de 1985, na qual ela simbolicamente entregou o milho a Warhol “em pagamento” pela dívida; Ela nunca mais viu Warhol, que morreu em 1987.

 

Documentário

Marta Minujin: The Parthenon of Books

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