‘O Acidente’: longa de Bruno Carboni estreia nos Cinemas
A ciclista Joana é vítima de um atropelamento. Ela foi carregada no capô de um carro após antagonizar com uma motorista que a cortou. A jovem sai ilesa e decide esconder o ocorrido de sua parceira, Cecília, temendo que isso afete os planos do casal. Porém, um vídeo viral aparece online, obrigando-a a prestar queixa na polícia. Relutante, a dupla entra na vida de Elaine, a motorista, seu ex-marido Cléber e seu filho Maicon, um introvertido cineasta iniciante. Esta é a trama de “O Acidente”, drama nacional que chega às telas dos cinemas do Brasil a partir do dia 24 de agosto de 2023.
Estreia na direção em longas de Bruno Carboni, o filme teve sua estreia em competição nos prestigiados Tallinn Black Nights (Estônia), Festival do Rio, Cine Ceará e venceu o prêmio de Melhor Roteiro no Festival de Beijing (China). Na semana anterior a sua estreia comercial, no dia 16 de agosto, quarta-feira, a produção passa no 51° Festival de Cinema de Gramado na competição de longas gaúchos.
Em um cruzamento qualquer, tudo por mudar: “O Acidente” explora uma ligação nascida da animosidade de uma disputa de trânsito entre Joana (Carol Martins), e Elaine (Gabriela Greco). O filho da última, Maicon (Luis Felipe Xavier), foi quem registrou o viral com a câmera de seu celular e postou na internet. Joana divide um apartamento com Cecília (Carina Sehn), sua sempre atenciosa namorada. O casal tem grandes planos para o futuro. Também participa da história Cléber (Marcello Crawshawn), pai de Maicon, que luta pela guarda do filho na justiça.
Drama intimista, “O Acidente” olha para dentro de Joana, enquanto reflete sobre o desejo de formar uma família. O incidente opõe duas delas: uma homoafetiva, formada pela ciclista e sua namorada, e de outro, Elaine e Cléber, um casal em processo de separação. O pai idealiza colocar o filho, um menino sensível com aspirações artísticas, em uma escola militar. Os contrastes também entram na rota de colisão. Desenvolvido no Torino Script Lab, o roteiro foi escrito a quatro mãos pelo diretor e por Marcela Bordin. Em sua carreira em festivais, o filme ainda teve exibições no Olhar de Cinema, Festival de Torino (Itália), Amsterdam LGBTQ+ (Holanda) e em breve no Queer Lisboa (Portugal).
“A primeira inspiração para o filme surgiu de um vídeo que encontrei na internet há alguns anos, no qual mostrava uma ciclista sendo carregada no capô de um carro dirigido por outra mulher”, relembra o diretor Bruno Carboni. Embora a descrição possa sugerir uma cena trágica, ninguém se machucou ali. “Talvez aquele vídeo fosse menos chocante do que se vê nos noticiários, entretanto, aquele pequeno incidente me parecia representar um certo sentimento de inimizade no ar, fruto da polarização política que dividia a sociedade brasileira e impossibilitava qualquer tentativa de diálogo”, conclui. O filme foi rodado em Porto Alegre, em 2019, um ano após as eleições presidenciais e um antes da pandemia.
Carboni lembra que ainda durante a concepção do filme, seus próprios pais sofreram um grave acidente de carro. “Uma situação assim sempre muda alguma coisa naqueles que a vivenciam, e é o espectro constante dessa possibilidade que é assustador”, avalia. “Assim, onde antes eu via um embate representativo na sociedade, agora passava a ser um inesperado encontro de pessoas, evento que certamente alterou de alguma maneira as suas vidas”, elabora. Carboni é montador dos premiados longas “Castanha” (2014) e “Rifle” (2016) de Davi Pretto, “Beira-Mar” (2015) de Filipe Matzembacher e Marcio Reolon, e outros.
A produção encontrou uma boa recepção entre a crítica especializada, conforme atesta Renan de Andrade para o site Clube Cinema: “Com camadas afetivas sutis, o diretor mostra sua habilidade em criar uma empatia entre o espectador e sua narrativa”. Francisco Carbone (Cenas de Cinema), destaca o controle de cena do realizador: “São uma hora e meia onde, efetivamente, estaremos nas mãos do diretor”. James Luxford do site Dirty Movies resume: “Provocativo e cheio de nuances, (…) habilmente reflete um brutal aspecto da sociedade: até os momentos mais assustadores podem ser recebidos com apenas olhares frios e cliques de câmera de celular”.
“O Acidente” é uma realização da Vulcana Cinema e Tokyo Filmes, com distribuição da Distribuidora Atelier W e financiamento da Ancine/FSA/BRDE, Pró-Cultura RS e Visions Sud Est.
Serviço
“O Acidente” (2023), de Bruno Carboni
Em cartaz nos cinemas de todo o Brasil a partir de 24 de agosto de 2023
Drama | 95 min. | País: Brasil
Trailer: https://vimeo.com/660415401
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Instagram: @vulcanacinema | @brunogcarboni | @carolmartins.porque
Sinopse:
A ciclista Joana é vítima de um atropelamento. Ela foi carregada no capô de um carro após antagonizar com uma motorista que a cortou. A jovem sai ilesa e decide esconder o ocorrido de sua parceira, Cecília, temendo que isso afete os planos do casal. Porém, um vídeo viral aparece online, obrigando-a a prestar queixa na polícia. Relutante, a dupla entra na vida de Elaine, a motorista, seu ex-marido Cléber e seu filho Maicon, um introvertido cineasta iniciante.
Festivais:
32º Cine Ceará Festival Ibero-americano de Cinema; 24º Festival do Rio – Première Brasil; 26º Tallinn Black Nights Film Festival; 40º Festival de Cinema de Torino; 26º Amsterdam LGBTQ+ Film Festival; 42º Minneapolis St. Paul Festival Internacional de Cinema (Cine Latino e LGBTQ+ Currents); 13º Festival de Cinema Internacional de Beijing (Forward Future – Prêmio de Melhor Roteiro); – OFFCINE 22; 1º Encontro dos Festivais Ibero-americanos de Cinema; 12º Olhar Festival Internacional de Cinema de Curitiba (Exibições Especiais); 51º Festival de Cinema de Gramado; Queer Lisboa Festival Internacional de Cinema Queer.
Sobre o diretor:
Nascido em Porto Alegre (RS), Bruno Carboni (35) se formou em cinema na PUCRS em 2008 e completou mestrado em 2020, onde desenvolveu uma pesquisa sobre alteridade no cinema. Ele trabalha como montador, roteirista e diretor. Bruno editou mais de 20 curtas-metragens, tal como “Damiana” (2017) de Andrés Pulido, exibido na competição do 70º Festival de Cinema de Cannes, e dez longas-metragens incluindo “Castanha” (2014) e “Rifle” (2016) de Davi Pretto (ambos apresentados na Berlinale Forum), “Beira-Mar” (2015), de Filipe Matzembacher e Marcio Reolon (65º Berlinale Forum), e outros.
Seu primeiro curta-metragem como diretor “Quarto de Espera” (2009), co-dirigido com Davi Pretto, foi selecionado por mais de 25 festivais e seu primeiro curta solo o “Teto sobre Nós” (2015) teve sua estreia mundial no 68º Festival de Cinema de Locarno, na competição Leopards of Tomorrow. Bruno também participou de eventos importantes, tais como Locarno Filmmakers Academy 2015 e Berlinale Talents 2016. “O Acidente” é seu primeiro longa, co-escrito com Marcela Bordin, desenvolvido no Torino Scriptlab e teve sua estreia em competição no Tallinn Black Nights (Estônia), Festival do Rio, Cine Ceará e ganhou prêmio de Melhor Roteiro no Festival de Beijing (China).
Sobre Vulcana Cinema
Vulcana é uma produtora brasileira fundada por Jessica Luz e Paola Wink em 2018. Seus longas incluem “O Empregado e o Patrão” (Quinzaine des Réalisateurs), “Tinta Bruta” (Teddy e CICAE Award Berlinale Panorama); “Rifle” (Berlinale Forum) e “Castanha” (Berlinale Forum), “Vai e Vem” (Sheffield DocFest), entre outros. Atualmente desenvolvem os novos projetos de Davi Pretto, Caroline Leone e da dupla Filipe Matzembacher e Marcio Reolon, entre outros.