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Poemas de Fernando Antônio Fonseca

Poemas de Fernando Antônio Fonseca

Fernando Antônio Fonseca nasceu e reside em Belo Horizonte, MG. Publicou cinco livros de poesias, e um de minicontos, em edições independentes. Também, foi laureado em vários concursos de poesia de âmbito nacional, com prêmios de edição em antologias. Tem livro no prelo, LAVRA, de poemas.

REFÚGIO

Fernando Antônio Fonseca

no limiar do acaso

liberto os horizontes 

de todas as penúrias

que em mim se dissolvem

como o musgo diurno

incinerado pela febre

das insurgentes manhãs

contidas pelo céu opaco

instigadas pela ânsia

de instaurar uma pausa

sem demarcados limites

em busca dos frescos aromas 

exalados das cavernas

onde me resguardei:

-das maldições e agruras

-das intempéries maduras

-dos amores avulsos

exilado pelo fascínio

desse sortilégio

até que este refúgio

se revista do subterfúgio 

de uma dócil clausura

SEMELHANÇAS

Fernando Antônio Fonseca

nunca é tempo demais

e o que sobra é o resto da abóbora

colhida na ramagem

é a obra de arte implícita 

no salto suspenso do trapezista 

no picadeiro do acrobata

na performance da bailarina russa 

do Bolshoi

que quase tropeçou num passo arrojado

é o quase

é o enquanto

é o talvez

é o inevitável

é o inadiável

é o invariável

temendo o revés de proceder assim

sem farol marítimo

sem praia nem colete salva-vida

muito perto do odor de cânfora

por aqui mesmo

à um infinitésimo do ponto

de chegada

a um outro nada

PANFLETO

Fernando Antônio Fonseca

solicito que não percam

o fôlego

não sufoquem o surto

dos desvairados

mas atenuem na raiz 

o que produz a dor nas folhas 

caídas

não insiram nos compêndios

capítulos de realidade 

falsificada

e retirem da história

todas as distorções imprudentes 

que trituraram o granito

das lápides frias

e por favor controlem

a intempérie diária

que oxida o marfim

dos elefantes abatidos

mas não alimentem os abutres

com a comida enlatada

vendida nos food-trucks

das feiras de gastronomia

À MEIA – LUZ

Fernando Antônio Fonseca

hoje me deu um branco

hoje me apagaram 

à meia-luz

e me sinto 

em meio a um blackout

numa instabilidade

provisória

que me acometeu

estou um pouco passageiro

mais pra chegada

que pra partida

na plataforma dizimada

hoje não escrevo

com as palavras arrancadas

de meu nicho verbal

mas sim com aquelas

que permitem-me

ao menos um desvario

um devaneio arredio

para me segurar

VALOR PRÓPRIO

Fernando Antônio Fonseca

não se permita

flertar com demônios

se lhe faltar a virtude

de amparar os anjos

 

não admita

se entregar submisso

à servidão

como quem ignora

sua aptidão para a luta

 

não desista

invista em si mesmo 

pois mais vale a obstinação 

do valor próprio

que a passiva resignação 

da perda do ego

 

não exista

somente para confrontar

seus pesadelos

pois eles se desintegram

com a experiência adquirida

de uma vida aguerrida

SOBRE O AUTOR

Fernando Antônio Fonseca nasceu e reside em Belo Horizonte, MG. É graduado em Engenharia Química pela UFMG. Trabalhou por algum tempo nesta profissão técnica, porém, depois, priorizou a literatura, sua real vocação. Publicou cinco livros de poesias, e um de minicontos, em edições independentes. Em sua trajetória, destaca-se o primeiro lugar obtido no “1º. Prêmio Travassos de Literatura-2021”, cuja premiação é a publicação do livro de poemas MOSAICO (no prelo).Também, foi laureado em vários concursos de poesia de âmbito nacional, com prêmios de edição em antologias. Participou ainda de outras antologias e divulgou seus textos em alguns blogs, sites, revistas e jornais. Sua meta é inserir-se no mercado livreiro, para maior divulgação de seu trabalho Tem outro livro no prelo, LAVRA, de poemas.



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