Você pensa que é bandido porque faz aviãozinho
Mas bandido que é bandido nunca trabalha assim
Vários menor se iludindo por essa vida errada
Bandido que é bandido tá de terno e gravata
O menor rodou pros bota com um beck’ em sua posse
Avião deles tá cheio de pó branco vê se pode
Bicarbonato na boca pra ver se desce assim
Presidente tá contente protegendo os amiguinhos
ParaFAL chegou no morro e é de uso militar
Como isso chegou lá eu vou ter que te explicar
As favelas brasileiras continuam nesse estado
Tem AK e Meia-Dois cedida pelo Estado
Essa guerra contra as drogas nunca foi entorpecente
Sempre foi contra favela militar e adolescente
O índice de suicídio continua em crescente
Seja lá do lado deles seja do lado da gente
Então vamos usar a mente vamos pensar lá na frente
Como vão ser as crianças nesse meio inconsequente
Então vamos usar a mente vamos pensar lá na frente
Como vão ser as crianças…
Nessa terra de Pelé que os pretin’ vira peneira
Com a chuteira na mão, a caminho da peneira
Arma é igual furadeira pro sobrenome pereira
Amazônia virou nome de indústria madeireira
A Vale não vale nada,esse marco foi esquecido
O povo feito de bobo e o dono da Samarco rindo,
rico, cheio de grana, milionário;
enquanto isso eu to pagando serviço comunitário.
Porque eu pixei o muro é crime ambiental
E Mariana come lama como ceia de natal
Num mundo patriarcal onde matam Marielles
Chega no carnaval embebedam as mulheres
Em terra de Dandara só se lembram de Zumbi
Chegaram em terra firme, escravizados aqui
Hoje em dia nóis’ tem que ouvir que racismo é mimimi
Que é a dor que não dói lá, enquanto mata nóis aqui
Antes de falar de vitimismo, antes de falar de viti…
Shiii! Por favor, se você não sente e nem entende
Então respeita nossa dor.
De andar pela rua e ser olhado atravessado
De atravessarem a rua quando te veem do lado
Ter o rosto perfurado por outro preto fardado
Que acha que virou branco por quê serve o Estado
O estado que quer esconder que essa terra é racializada
Que a população foi estuprada, por isso é miscigenada
Mataram cacique, porra! Mataram os nossos parentes
Os donos dessa terra toda e eu sou descendente.
Sou da terceira geração de pretos não escravizada
A segunda que a família não ta aldeada
Meus parentes aldeados eu nem sei se ainda estão vivos
Eu não sei da minha história, eles queimaram
nossos livros.
Onde os menor são criado pela mãe, sem o paim’
Meus irmãozin se matando tipo Abel e Caim
Sai da caverna, meu fi’, nesse frio quero os meus free
Escrevo pique Luiz Gama pra renascer os Zumbis
Eu luto como André Rebouças, contra minha morte a força
Eu sou ou KKK na forca,
E por mais que você torça, eu não vou cair
Em terra de Mahin, sangue preto mancha marfim
Vou terminar como dragão do mar, FIM!