A poesia de Roque Dalton é, acima de tudo, apaixonada. Diferente do amor romantizado, comercializado, egoísta e apartado da realidade, a obra de Roque apresenta um amor consciente do contexto político-social da sua época; generoso na medida em que quer o pão para o faminto, a terra para todos e uma pátria livre e justa para amar a mulher querida, mesmo que para tanto, seja necessário largar a pena e empunhar o fuzil. Imbuído nesse sentimento, ele manifesta a intenção de transformar a vida através da organização política, da luta e das letras. Trata-se, certamente, de um dos poetas mais fascinantes da América Latina.
Roque Antonio Dalton García nasceu em 1935 na cidade de San Salvador e fez parte da chamada Generación Comprometida, um movimento social e literário composto por uma juventude contestadora que ousou converter versos em instrumentos de crítica social, acusando não somente os causadores das desigualdades como também os indiferentes, cúmplices da injustiça.
Dalton, juntamente com o poeta guatemalteco Otto René Castillo, convictos nos ideais de luta pela liberdade, ofereceram muito mais que poemas de protesto: ofereceram suas mãos, seus punhos em riste em defesa de suas pátrias, contra as ditaduras e o imperialismo estadunidense.
Roque se formou na Externado San José, uma escola jesuíta exclusiva para meninos em San Salvador. Depois, foi enviado por seu pai para Santiago para estudar direito na Universidade do Chile. Dalton conheceu vários países, seja pelo exílio ou pelos estudos, porém, o período em que esteve no Chile foi determinante para sua vida política: lá estabeleceu relações estreitas com os estudantes de esquerda, assistiu palestras com o artista mexicano Diego Rivera, iniciou seus estudos sobre Marx e desenvolveu um grande interesse pelo socialismo.