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É tudo tinta que sai da gente

No Dia Nacional da Poesia, autores celebram lançamento de “É tudo tinta que sai da gente”, livro escrito a quatro mãos por Bruno Sanctus e Paulo Emílio Azevedo.

Em 31 de outubro, o Dia Nacional da Poesia, os escritores Paulo Emílio Azevedo (RJ) e Bruno Sanctus (SP) lançam o livro “É tudo tinta que sai da gente” (Fundação PAz), no formato e-book. Com dezenove poemas escritos a quatro mãos (por meio virtual), os poetas propõem uma redação na qual o ‘corpo’ é o protagonista. Dele, Paulo e Bruno promovem um delírio (urgente e necessário) sobre o que sai de cada um de nós. O sangue, a saliva, a lágrima entre outros elementos são, ao invés de demonizados ou descartados sumariamente, matéria-prima, tinta ou solventes para pintar tal utopia. Inquietos pelo medo que o corpo de si passou a ter pavor do corpo do outro, os textos sugerem mediações atravessadas pelo drama, a comédia, as relações afetivas e o contexto atual. 

Com capa/projeto gráfico de Filipe Itagiba e prefácio de Carolina Passos, o lançamento está marcado para o dia 31 de outubro (via plataforma Zoom), a partir das 18h.  

Lançamento do livro "É tudo tinta que sai da gente" (e-book) Autores: Paulo Emílio Azevedo e Bruno Sanctus Capa e projeto gráfico: Filipe Itagiba Data: 31 de outubro, a partir das 18h Local: acessar www.fundacaopaz.com para baixar o livro (gratuito) e, em seguida, clicar na senha (ao lado da capa do livro) para participar do lançamento via Zoom

Clique na imagem para saber mais

"ejaculação"

faz-me piano e me despetala no prólogo do prazer 

idioma silencioso  

vez ou outra esgarça  

um urro espasmódico e 

um sussurro obsceno 

geme em línguas arcaicas  

dialética da obliteração anunciada 

na prática o ritual que dispara o fluxo envolve mãos, dedos, tremores,  

língua torta, ponta de pés, cama, banheiro, sonho, cãibras, tensão, mentira, ficção, fantasia,  

olho fechado,  

corpo aberto  

boca entreaberta 

beijo o narciso projetado 

moldado no barro do desejo 

a prótese do amor que não fala 

baixio das lamentações eróticas 

há uma passagem íntima 

entre a respiração acelerada 

e a criação da vida, 

entre a ex-infância e a 

explosão do corpo 

pura catarse 

depois da primeira vez é tinta leitosa esporrada nas tantas telas 

a sensação vicia e se confunde com cinema 

beira à obsessão e apenas encontra a paz depois que se despede dos  

órgãos mais íntimos de cada ser 

faz-me ópera e me despetala na ponta das unhas 

faz-me mensagem como se endereçasse uma carta de mim,  

para eu mesmo 

faz-me rap, sem refrão algum,  

com estrofes longas que deixaria Pavarotti sem ar 

faz-me quase desmaio sem qualquer chance de não me deixar testemunha em cada vez que gozar 

se mulher,  

faz-me mistério  

enquanto procuro uma palavra para saber seu nome,  

melhor chamar o Deus Baco 

pois decidi derramar vinho sobre a razão 

Paulo sobre Bruno

Bruno Sanctus

Os processos sempre me cativam. São eles que me trazem à tona a verve criativa, o embate, a angústia das escolhas, a liberdade das mesmas e os encontros que só podem ocorrem a partir da experiência compartilhada e vivida no tempo do processo. Tratando-se de Bruno Sanctus, fiz o convite sem pensar duas vezes para este projeto. Aprecio no jovem escritor, a latência, a inquietude em produzir e a capacidade de falar sobre qualquer tema, mas não de qualquer forma. Bruno, une elementos de diferentes narrativas que por sua vez mesclam com a cultura cibernética, a animação, o cinema, o comportamento púbere e, sobretudo, a observação aguçada e “suja” do cotidiano, que nada mais é do que o ser humano frente a frente nu diante de um espelho estilhaçado. Portanto, trazer essas ortografias e vocabulários para um texto de tal envergadura me pareceu um ótimo desafio neste contexto em que estamos sobrevivendo. 

Bruno sobre Paulo

Paulo Emílio Azevedo – PAz

O que despertou fascínio imediato foi a proposta do tema, tão pouco usual. Aquela coisa que te tira da zona do conforto e permite percorrer caminhos até então desconhecidos. É como se eu acreditasse já ter esgotado as abordagens e de repente, uma proposta nova, tentadora e não faustiana, batesse-me à porta. Aceitei antes de compreender a proposta como um todo. O gostoso de trabalhar com o Paulo, foi a total liberdade de desenvolvimento, a maneira sutil com que ele sabe conduzir temas delicados e a leveza que ele consegue trazer a temas complexos e um tanto quanto pesados. Vez ou outra conduziu magistralmente assuntos que eu inseria uma certa violência genuinamente humana. Conheço Paulo desde “Palavra Projétil” e tive a honra de ser um dos comentaristas de “Depois dos Vinte, Prometo Escrever o Romance e me Chamar Machado de Azevedo”. Fiquei admirado com a qualidade que ele desenvolve seus trabalhos e o tato na hora de compor, além de ser um dos escritores mais prolíficos com que tenho contato; um centro avante com os dedos no teclado do computador. Que projetos como este possam acontecer inumeras vezes. Estou em débito com ele. Precisamos tirar uma foto com as nossas carecas reluzentes, acompanhada da legenda: Chupa, Foucault!

Os autores e suas obras

Professor, Pós Doutor em Políticas Sociais e Doutor em Ciências Sociais com especialização em Antropologia do Corpo e Cartografia da Palavra. Escritor, criador no campo das artes cênicas e consultor na área de Educação e Cultura, cuja pesquisa tem por objetivo refletir sobre outras formas de comunicação aos diversos protagonismos e redes de sociabilidade na sociedade contemporânea. Recebeu diversos prêmios, entre eles “Rumos Educação, Cultura e Arte” (2008/10) através do Instituto Itaú Cultural e “Nada sobre nós sem nós” (2011-12) no âmbito da Escola Brasil/Ministério da Cultura. Sendo um dos introdutores das práticas do poetry slam no Estado do Rio de Janeiro, vem desenvolvendo uma série de ações no campo da palavra falada e performance poética. Em 2018 representou o país na Journée d’Etudes Cultures, arts et littératures périphériques dans les Amériques: une approche transnationale de la production, la circulation et la réception em Lyon (França). Tem dezessete livros escritos, sendo três bilíngües. Coordena a Rede Cia Gente e orienta conteúdos para Fundação PAz - plataforma que registra e protege sua produção intelectual. Com esse completa dezenove livros publicados. É pai de Hiago; sua obra-prima Obras anteriores: "A esperança é uma segunda-feira com cãibras", 2020 "Diariologismos", 2020 "50 poemas para esquecer o ontem", 2020 “O Andarilho”, 2019 (port/es) “Quarenta e três ou quatro formas de nascer”, 2019 “Um corpo e uma voz: a cidade como obra de arte”, 2018 (port/fr) “Depois do silêncio, uma obra prima de amor ou ódio”, 2018 “Versos sem fim”, 2018 “Depois dos vinte, prometo escrever o romance e me chamar Machado de Azevedo”, 2017 “O amor não nasce em muros”, 2016 ”Ensaios de um poeta só”, 2015  “Notas sobre outros corpos possíveis”, 2014  “Tagarela, o penúltimo registro do slam poetry no Brasil”, 2014 (org.) "Palavra projétil, poesias além da escrita”, 2013  “Membros, a história de um corpo político que dança”, 2009 (org.)  "Meninos que não criam permanecem no C.R.I.A.M.”, 2008 (port/fr) “A descoberta de talentos nas escolas municipais de Macaé”, 2002 “Dança de rua contando histórias”, 2000
Estudante de análise e desenvolvimento de sistemas que parece fazer mais sentido quando não fala em binários, ainda que sua voz seja repleta de operadores lógicos. Apreciador de cervejas, quadrinhos e mitômano nas horas vagas. Possui uma vaga propensão a despencar para o lado escatológico enquanto escreve, porque imagina o ser como inerente ao que produz, suas vicissitudes e à própria excrescência; a matrix humana e um voto ao tourette por opção. De 2018 para cá, tornou-se um dos maiores engavetadores de projetos da literatura nacional. Os temas são tão distintos que variam de estórias banais de horror em locais hostis do Nordeste a distopias futuristas pós humana. Palavra de referência: até o amor quando sai dos humanos, fede. Ele jura que está desenvolvendo um software que contém um botão de orgasmo que assim que apertado libera uma descarga de dopamina e mais alguns outros neurotransmissores acompanhados de reações espasmódicas para fazer com que o dia a dia das pessoas sejam melhores. Obras anteriores: “Amores Embalados a Vácuo” (em finalização). “O Sol Era Uma Hemorragia Ruivo-Oxigenado”, 2018. “Escrevi Para Esquecer: Palavrões”, 2017.
Bruno Sanctus

"diariologismos", novo livro de Paulo Emílio Azevedo ​

Narrado na forma de diário, o novo livro de Paulo Emílio costura suas narrativas e referências para acessar um fluxo próprio, semiconfessional. Prefaciado por Paula Beatriz Albuquerque, o livro será disponibilizado para download gratuitamente a partir de 11 de junho de 2020. 

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