Eduardo Galeano: um outro mundo possível
Mesmo que não possamos adivinhar o tempo que virá, temos ao menos o direito de imaginar o que queremos que seja
Eduardo Hughes Galeano foi um jornalista e escritor uruguaio autor de mais de quarenta livros, traduzidos em diversos idiomas. Suas obras combinam ficção, jornalismo, análise política e história.
Galeano nasceu em Montevidéu, numa família católica de classe média de ascendência europeia, em 1940. Aos 14, vendeu sua primeira charge política para o jornal El Sol, do Partido Socialista. Iniciou sua carreira jornalística no início da década de 1960 como editor do Marcha, influente jornal semanal que tinha como colaboradores Mario Vargas Llosa e Mario Benedetti. Foi também editor do diário Época e editor-chefe do jornal universitário por dois anos. Em 1971 escreveu sua obra de maior sucesso As Veias Abertas da América Latina.
Na obra, o autor analisa a história da América Latina desde o período colonial até a contemporaneidade, argumentando contra a exploração econômica e política do povo latino-americano pela Europa e depois pelos Estados Unidos. O livro propõe uma revisão da história da região para enfrentar a “usurpação da memória” oficial.
Em 1973, com o golpe militar do Uruguai, Galeano é preso e mais tarde forçado a se exilar na Argentina, onde lançou Crisis, uma revista sobre cultura. Em 1976, com o sangrento golpe militar liderado pelo general Jorge Videla, tem seu nome colocado na lista dos esquadrões de morte e, temendo por sua vida, exila-se na Espanha, onde deu início à trilogia Memória do Fogo.
Na trilogia Galeano explora a história das Américas. Os personages são retratados em pequenos episódios que refletem o período colonial do continente. Na obra, destaca não apenas a opressão colonial, mas também atos individuais e coletivos de resistência.
Em 1985, com a redemocratização de seu país, Galeano retornou a Montevidéu, onde viveu até sua morte, em 13 de abril de 2015.
Assista as entrevistas, baixe os livros em pdf e confira espetáculo de teatro inspirado pela obra do autor.
Sangue Latino
O jornalista e escrito uruguaio, fala sobre a cidade de Montevidéu, onde vive, sobre a existência humana e também sobre aspectos do cotidiano.
Direção de Felipe Nepumuceno.
O vídeo é do Programa Sangue Latino, do Canal Brasil, gravado em 2009.
Memórias do Fogo
Neste trabalho poético e histórico, o autor traça um painel vivo e emocionante da história latino-americana.
Personagens, mitos, lendas, batalhas, vencedores e vencidos desfilam diante dos leitores com lirismo e emoção. Os livros trazem poemas, transcrição de documentos, descrição dos fatos e interpretação de movimentos sociais e culturais, que compõem uma cronologia de acontecimentos, proporcionando uma visão de conjunto sobre a identidade da região..
Publicado em forma de trilogia, combina elementos de poesia, história e conto. É composto pelos livros “Os Nascimentos” (1982), “As Caras e as Máscaras” (1984) e “O Século do Vento” (1986) (L&PM, 2010, 1584 páginas).
O primeiro volume da trilogia está disponível em pfd
América Vizinha
O livro O Século do Vento, do escritor uruguaio foi a fonte de inspiração para a primeira montagem do grupo Los Cucarachos.
Afetados pelas histórias e lutas que marcaram tantas vidas e obras, os artistas-criadores se lançaram nessa viagem surreal, procurando chegar mais perto de nossos vizinhos.
“É uma busca, um processo de reconhecimento de nossa própria história, no outro, no vizinho aqui do lado, depois do rio, o outro lado da janela”, fala a diretora Juliana Sanches.
Imagine chegar a um pequeno vilarejo e encontrar Frida Kahlo, Carlos Gardel, Evita Perón, Pablo Neruda, Violeta Parra e tantas outras figuras emblemáticas da cultura latino-americana, juntas mesmo lugar.
É isso que acontece quando o público entra na atmosfera do espetáculo América Vizinha, montagem do núcleo de pesquisa Los Cucarachos, do Grupo XIX de Teatro.
O livro dos Abraços
O Livro dos Abraços é uma coleção de histórias curtas que apresentam as visões de Galeano em relação à temas como emoções, arte, política e valores. A obra também oferece uma crítica à sociedade capitalista moderna, com o autor observando e refletindo sobre os caminhos para a construção da justiça social.