Entrevista exclusiva com Matheus Goudar, jovem poeta de São Gonçalo
Matheus Goudar, jovem poeta de São Gonçalo, no Estado do Rio de Janeiro, tem uma poesia engajada e vibrante. Com performances memoráveis nos Saraus em que participou, o poeta experimental ligado à música nos fala de sua primeira publicação: o Zine Partenogênese.
Falamos também de seu processo criativo, de suas referências artísticas e visões sobre a cena contemporânea e, é claro, sobre a Poesia e seus caminhos. Uma chance ímpar de ver como o próprio artista disseca sua obra. Uma reengenharia onírica que desvela o processo de transformação dos significados, a urdidura e intencionalidade dos textos.
Ficamos muito felizes em poder dividir este bate-papo prazeroso e inspirador com nossos leitores. Explorem os links e saibam mais sobre este jovem talento da poesia brasileira.
[embedyt] https://www.youtube.com/watch?v=qkGtqTfAsEc[/embedyt][embedyt] https://www.youtube.com/watch?v=xge96GjVNNs[/embedyt]
SINTOMAS ANUNCIADOS
a ignorância encarnada reclama seu prato de pólvora
livros contam mentiras prescritas nos consultórios do abismo
alvos brilhantes cravados nas testas atestam a grade
a indiferença indigesta vomitando justificativas
faces confusas lambendo o peso morto do horário
preenchem a ficha de presença do dia do extermínio
operário que sangra nadando em mar de navalha acorda a peste entalada no fim da garganta
Oitenta Tiros
porcos devoram corpo de mais um astro caído
nessa fome escrota
as margens berram urgência
filhas derramam o tecido da chuva
filhos afiam o ferro com os dentes
oitenta tiros em cada porco.
https://youtu.be/9H5f6bpw11Uhttps://www.youtube.com/embed/zSDSwwYk7Okhttps://www.youtube.com/embed/4tWSwi4ubXk
CÓLERA
existe um ruído mudo na lacuna desses rostos ressoa nas paredes
— sem-cor
aparente
ecoa ricocheteia sobe-desce espiralado ecoa
acerta ouvido errado lábio fechado
atrito
dias insossos são tatos não são tatos pele quebrando no despedaço da causa há febre no giro do tempo
sorvo agulhas quando brindando cólera a casa ainda alaga quando chove muito
CORPO-JOVEM-INSONE
corpo-jovem-insone tropeçando no meio-fio do limbo
dança o desemprego sobre salões suspensos respira cedo negocia com os cactos
corpo-jovem-insone bafora o caos num trago
bebe mais um pouco transpira tarde provoca terremotos no topo do umbigo dos homens
corpo-jovem-insone deu um passo no escuro
pixou nos degraus dos palanques dos deuses de barro eleitos
“eu sou a bomba explodo tudo nessa porra”
Influxos
by SIMULACRO
Gravado em uma sessão a tarde na goma do Matheus. Influxos é o primeiro registro explanado do projeto Simulacro. São 8 faixas curtinhas que consistem em beats antigos e letras antigas, formando esse registro novo.
“Novos caminhos pros mesmos lugares”.
(Clique na imagem para descobrir)