Entrevista exclusiva com Matheus Goudar, jovem poeta de São Gonçalo

Entrevista exclusiva com Matheus Goudar, jovem poeta de São Gonçalo

Matheus Goudar, jovem poeta de São Gonçalo, no Estado do Rio de Janeiro, tem uma poesia engajada e vibrante.  Com performances memoráveis nos Saraus em que participou, o poeta experimental ligado à música nos fala de sua primeira publicação: o Zine Partenogênese. 
Falamos também de seu processo criativo, de suas referências artísticas e visões sobre a cena contemporânea e, é claro, sobre a Poesia e seus caminhos. Uma chance ímpar de ver como o próprio artista disseca sua obra. Uma reengenharia onírica que desvela o processo de transformação dos significados, a urdidura e intencionalidade dos textos. 
Ficamos muito felizes em poder dividir este bate-papo prazeroso e inspirador com nossos leitores. Explorem os links e saibam mais sobre este jovem talento da poesia brasileira. 
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SINTOMAS ANUNCIADOS

a ignorância encarnada reclama seu prato de pólvora  
livros contam mentiras prescritas nos consultórios do abismo  
 
alvos brilhantes cravados nas testas atestam a grade 
a indiferença indigesta vomitando justificativas  
 
faces confusas lambendo o peso morto do horário  
preenchem a ficha de presença do dia do extermínio  

operário que sangra nadando em mar de navalha acorda a peste entalada no fim da garganta 

Oitenta Tiros

oitenta tiros calam um sol 
 
porcos devoram corpo de mais um astro caído  
 
nessa fome escrota 
 
as margens berram urgência  
 
filhas derramam o tecido da chuva 
 
filhos afiam o ferro com os dentes 
 
oitenta tiros em cada porco.

https://youtu.be/9H5f6bpw11Uhttps://www.youtube.com/embed/zSDSwwYk7Okhttps://www.youtube.com/embed/4tWSwi4ubXk

CÓLERA

existe um ruído mudo         na lacuna desses rostos         ressoa nas  paredes  
                                      — sem-cor 
                                           aparente  
                            ecoa ricocheteia         sobe-desce espiralado         ecoa  
        acerta ouvido errado          lábio fechado  
                                         atrito  

        dias insossos são          tatos não são tatos                                    pele quebrando                                   no despedaço da causa             há febre no giro do tempo  

        sorvo agulhas quando                                               brindando cólera          a casa ainda alaga quando chove muito  

CORPO-JOVEM-INSONE

corpo-jovem-insone tropeçando no meio-fio do limbo   

                   dança o desemprego                    sobre salões                                          suspensos                    respira cedo                    negocia com os cactos  

corpo-jovem-insone bafora o caos num trago  

                   bebe mais um pouco                    transpira tarde                    provoca terremotos                    no topo                    do umbigo dos homens  

corpo-jovem-insone deu um passo no escuro  

                   pixou nos degraus                          dos palanques                               dos deuses                                    de barro                                       eleitos  

             “eu sou a bomba       explodo tudo nessa porra” 

Influxos
by SIMULACRO

Gravado em uma sessão a tarde na goma do Matheus. Influxos é o primeiro registro explanado do projeto Simulacro. São 8 faixas curtinhas que consistem em beats antigos e letras antigas, formando esse registro novo.
 
“Novos caminhos pros mesmos lugares”.
(Clique na imagem para descobrir)

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