A missiva perde-se num baú enterrado nos confins do cosmos
Enquanto a eternidade vomita uma gargalhada
Esperando sem pressa o desterro da criatura metralhada
A mensagem é agora de toques e afagos abraços e sustentações
Arrastamentos quedas e revoltas interiores
Amarradas ao silêncio imposto pela negrura do intruso instalado
Na florestação incendiada pela malícia do acaso
Pelo enterro dos corpos e cremação dos sonhos onde o ócio nunca entrou
Pois pela vigília e trabalho forçado se impôs
Enquanto a delinquência das estirpes manipuladoras de almas
Corrói os núcleos sobrepondo-se aos brados numa ditadora voz
Apenas o som dos metais e das gargantas articuladas
Provocam metamorfoses de obras de arte
Idealizadas previamente no ventre das deusas
Que dão e tiram o alimento aos renascidos
Num jogo de sobrevivência sem normas hierarquias valorações
Apenas um estouro abrupto inesperado e curto
Se faz visível na sua majestosa iminência
Então a viagem transforma-se num rodopio sem odores sem sabores
Sem tato agarrado ao mundo magnetizado
Pelas sementes da liderança perene
Da ganância de coração ausente e estouvado
Em qualquer lugar somos invadidos pelo cansaço e solidão
Quando o humano se pinta na tela branca do genuíno
Perante a empatia que ergue movimentos melódicos de envolvimento
Com a fala e a escrita que se evaporam em pisado chão
Pelos domadores de elementos em turbilhão
Permanece o bailado frio das rochas denunciando homicídios
Provocados pela indiferença patológica de quem se agarra
A um único tesouro esmigalhando o cântico dos pássaros
O sussurro do mar a melodia das árvores a terra inteira
E o grito abafado dos que nos pedem socorro
Acudindo à existência humana que parece ter sido arquitetada
Na cabeça de algum autor sádico pois lança os dados
E espera que o jogo termine da pior maneira