Intercalando drama e bom humor, novo livro do escritor LGBTQIAP+ Hugo Bessa traz história sobre reviravolta, luto e frustração profissional

Publicado pela editora Penalux, “Por um momento, um dia, uma vida ou sei lá o quê…” mostra como um encontro pode despertar sonhos antigos, novas ambições, além de dores e segredos que deveriam ficar para trás

 

“Não via a hora de descobrir qual seria a invenção de Roberto desta vez. De que maneira irá ajudá-la a ser outra pessoa? Arrependeu-se de ter compartilhado seu desejo, apenas uma metáfora, que ele, pelo visto, levou ao pé da letra. Às vezes, sentia-se um joguete nas mãos daquele homem, um brinquedo de seus dias desocupados, divagou, dirigindo a caminho de uma praça onde combinaram de se encontrar. Não guardava esperança de mudar nada em sua vida, e nem idade tinha para isso. Seu destino era ficar quieta em casa e aguardar o dia do reencontro com sua filha.”

Trecho do livro, destacado na quarta capa

Há muitos anos Hugo Bessa (@hugobessaescritor) leu em algum lugar a frase “o encontro de duas personalidades é pura química: se houver reação, elas se transformam”, que é atribuída a Carl Jung. Na hora, imaginou a história de um homem e uma mulher que se envolvem em uma batida de carro e acabam transformando a vida um do outro. Ao longo dos anos, a ideia foi amadurecendo e recentemente ganhou forma através do livro “Por um momento, um dia, uma vida ou sei lá o quê…”, publicado pela editora Penalux. 

 

De um lado, na história, temos Roberto, um advogado bem-sucedido e com a autoestima em dia, mas frustrado com os caminhos da sua vida profissional. Do outro, Joana, uma dona de casa infeliz, que acabou de passar por uma grande perda pessoal. Induzidos a manterem contato por situações nem sempre alheias às suas vontades, os dois se aproximam, e Roberto consegue enxergar em Joana possibilidades que ela já não via mais. Interpretando de forma literal o desejo que a nova conhecida tem de se tornar outra pessoa, ele acaba arrumando problema no lugar de solução, em situações que transformam não apenas os dois, mas também as pessoas ao redor.

 

Contado a partir de múltiplas perspectivas, com pitadas dramáticas e doses de bom humor, o livro mostra como esse encontro de duas personalidades tão diferentes desperta sonhos antigos, novas ambições, além de dores e segredos que deveriam ficar para trás. “Gosto de histórias onde os personagens se transformam, onde há esse encontro explosivo que tira tudo do lugar ou pequenos momentos que nem percebemos mas que são transformadores”, frisa Bessa. 

 

O livro aborda o poder de transformação que algumas pessoas exercem sobre as outras:  a maneira e intensidade que podemos afetar os outros. “E isso pode ser por um momento (um ‘bom dia’ que você recebe em um dia ruim), um dia (uma conversa que você escuta e te faz repensar uma decisão) ou uma vida (quando algo mais grave muda o rumo das coisas)”, explica o autor.  

 

O gosto pelos dramas familiares das telenovelas e a literatura como luta LGBTQIAP+ 

 

Hugo Bessa nasceu em Volta Redonda (RJ), mas foi em Cruzeiro (SP), onde cresceu e vive hoje, que descobriu sua paixão pelas histórias. É jornalista, especialista em Língua Portuguesa, e atua na produção de conteúdo para comunicação empresarial. Sua estreia na literatura se deu com o livro “Em um lugar melhor” (Editora Chiado), baseado em um conto que ele escreveu logo após o falecimento da avó. 

 

Já seu segundo livro, “Todas as Cores da Vida”, é um romance LGBTQIAP+. A partir dessa obra, ele tomou a decisão de sempre abordar temas da comunidade em seus livros. Como homem gay, ele sente a necessidade de fazer as pessoas refletirem sobre preconceito por meio da literatura. “Abordar as questões LGBTQIAP+, mesmo que não sejam os temas centrais, é um compromisso comigo mesmo”, frisa. Ele considera sua escrita simples, e trabalha para que ela seja democrática e esteja ao alcance de todos. 

 

“Escrevo desde sempre. Aos nove anos, escrevi um livro chamado ‘O Natal de Carlos’, produzi umas oito unidades com xerox e dei de presente para a minha família. Sempre participei também de concursos de contos e poesias na época do colégio, ganhando alguns”, relembra. “Por um tempo, deixei essa veia literária de lado e estudei bastante roteiro, escrevi várias sinopses de telenovela. Eu sempre estava escrevendo alguma coisa. Quando a minha avó faleceu, eu escrevi um conto, que é a morte de uma mulher. Depois, vi que aquele conto daria um livro, e aí surgiu ‘Em um lugar melhor’.”

 

Bessa começou a ler, na infância, com os gibis da Turma da Mônica, de Maurício de Souza. Hoje suas influências são muitas e variadas, indo desde Marian Keyes, Lya Luft a Philip Roth, passando também por textos teatrais e telenovelas. Um de seus autores preferidos é Miguel Falabella. “Gosto da irreverência dos textos dele, do senso de humor que usa para tratar as relações humanas”, justifica. “Costumo dizer que sou formado em melodrama brasileiro”, brinca. “Antes meu objetivo era escrever novelas, cresci assistindo, e não posso negar que eu tenho o folhetim nas veias”, afirma o autor, que adora histórias sobre dramas familiares. 

 

Entre as obras que marcaram e influenciaram a escrita de seu terceiro livro, “Por um momento, um dia, uma vida ou sei lá o quê…”, está “Por favor, cuide da mamãe”, da escritora sul-coreana Shin Kyung-Sook. “E eu amo a forma como é contada ‘A Vida Invisível de Eurídice Gusmão’, aquela pitada de humor mesmo nos momentos de dor é um charme. E não posso deixar de citar novamente Lya Luft, acho que ela sempre me influencia de alguma forma”, completa.

 

No momento, Bessa está trabalhando em seu novo romance LGBTQIAP+, onde passado e presente são unidos por um objeto em comum. 

 

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