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Voa, Sankofa, Voa! por Alessandra Martins

Voa, Sankofa, Voa! por Alessandra Martins

Alessandra Martins autora fluminense participante da primeira edição da Fluppensa, em longa temporada no exterior, pôs seus versos para voar na Antologia Cadernos Negros e no livro Voa, Sankofa, Voa, a ser lançado em julho deste ano.

Universo Inverso

Quer me negar Cultura? Atura! Porque vou conquistar sim. 

 

Ocupar todos os espaços. A liberdade está em mim. 

 

Falta paz. 

É jorrar de sangue e o sensacionalismo 

 pede mais. 

É preto morrendo… 

 a mídia se satisfaz 

  

Menos um preto no mundo- pra alguns tanto faz… 

 

Eles dizem: 

 

Fica aí e não sai do gueto.  

Nessa hora é sem o colorismo. 

É o extermínio. 

Extermínio do povo preto. 

 

Sem oportunidade não dá pra mostrar o dom.  

Riem como hienas a brindar mais um Chandom. 

 

E eu aqui do outro lado assisto os diversos tons.  

E digo: 

 

Não aceito! Não aceito nem um tom de preconceito. 

Orgulho negro

Tenho orgulho de mim, deixei de ser prego, agora sou marreta. 

pois já senti o que é ser rejeitada, cuspida, negada, maltratada. Somente por ser preta. 

  

Tenho orgulho da minha pele, 

da minha carapinha. 

Do afro que uso, dos meus traços marcantes. 

Minhas origens espetaculares, dos colares, turbantes. 

  

Tenho orgulho dos 

guerreiros, dos sábios, 

rainhas e reis verdadeiros.   

Das minhas tranças, das crenças, 

das danças, comidas e extravagâncias. 

  

Tenho orgulho da minha raça, 

da luta do meu povo. 

Da liberdade conquistada, da briga pela igualdade, da insistência, resistência. 

Do ontem lembrado com tristeza, mas com orgulho. 

Por sobreviverem e chegarem vivos no cais. 

Da esperança, força e coragem que tiveram 

meus ancestrais. 

  

Tenho orgulho de vim do gueto, da favela e andar pelo beco. 

Porque é o quilombo moderno do preto. 

Minhas origens! 

Poemas que descrevem fatos reais no Brasil e relatos ao redor do mundo. Alessandra Martins traz sua poesia pulsante, intensa e potente. Uma poesia que queima, mas que também cura. O livro engloba uma literatura marginal. Traz a reflexão sobre questões sócio-históricas fundamentais para o entendimento do racismo estrutural operante até os dias atuais. Dividido em quatro capítulos, Alessandra compartilha em muitos dos poemas uma variação diastrática no decorrer das estrofes, e de maneira pungente transborda sensibilidade e paixão em seus versos.

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Onde está o amor?

Há necessidade de rever 

 valores e conceitos. 

Sair do quadrado, 

 abrir a mente, 

 rasgar o peito! 

Continuar a estereotipar  

é absurdo, desrespeito. 

  

Desrespeito por toda luta, 

 por toda dor. 

E o holocausto preto continua  

 acontecer com fervor. 

  

Alô, realidade? 

Injeção de consciência, 

Sai do coma, sociedade! 

  

Há quem só queira estar onde  

há câmeras, luzes e público  

para aplaudir, aclamar. 

Ah, Pop star! 

  

Menos hipocrisia e  

mais empatia. 

Amor perdido até 

 o fim dos dias. 

  

Nas linhas tortas deste  

poema tentaremos  

encontrar. 

Sobre a autora

Alessandra Martins é natural de Duque de Caxias, Rio de Janeiro. É educadora, poeta e ativista social. Desde criança usou a escrita para voar. Gritava seus sonhos, seus medos, tristezas e alegrias em folhas de diários.  

É Graduada em Letras e Pós-graduada em História e Cultura Afro- brasileira e indígena. 

Participou da primeira edição da Fluppensa, em 2012. Participou da Antologia Poética Mulheres Reais, em 2017. 

Em 2021, publicou na Antologia Afro-brasileira Cadernos Negros” pela Quilombhoje e em 12 de julho terá o seu livro, “Voa, Sankofa, Voa!” lançado pela editora Chiado.  

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