Arte e Literatura na América Latina
O poeta argentino Nico Ghigonetto concedeu esta entrevista a Júlio Almada, em mais uma colaboração com a Revista Arara. Licenciado em Língua e Literatura, o poeta nos apresenta uma reflexão sobre o processo de escrita, a cultura da gaúcha e poesia
Começo a pergunta mencionando algo que foi escrito sobre seu livro Los Días del Desastre (Cartografias, Río Cuarto, 2016), ele diz: é um livro que permite animar expectativas para a poesia jovem do interior, o que parece, para este e outros exemplos, determinado a deixar para trás os modos urbanos que se impunham como cânone poético argentino. Independentemente do tamanho do país, geralmente existe um centro e uma aspiração que este venha a refletir toda a verdade. Você acha que a literatura mundial pode ser escrita de qualquer lugar ou perspectiva?
Não acredito que exista algo como “literatura universal”. Antes, é um grupo de críticos em que certas obras dialogam. Mas eu acredito que quantidades infinitas de diálogo podem ser feitas. O desafio é criar o nosso, se o interior existe como tal então pode falar a sua língua. Na Argentina existe diálogo, porque existem editoriais dos mais interessantes. Mas, sem dúvida, Deus ainda está em Buenos Aires e é o lugar para onde todos nós queremos ir. Enfim, existe uma nova forma de conexão, Mc Luhan disse que as cidades seriam abandonadas mais cedo ou mais tarde porque poderíamos estar conectados sem a necessidade do físico. Meu próximo livro, Dos cachorros de sicario, sai em Buenos Aires pela editora Kintsugi graças às comunicações físicas com Leandro Surce, mas também ao trabalho online que fizemos juntos.
Empiezo la pregunta mencionando a algo que se escribió sobre su libro Los días del desastre (Cartografías, Río Cuarto, 2016), dice: es un libro que permite cifrar alentadoras expectativas para la joven poesía del interior, que parece, por éste y otros ejemplos, decidida a dejar atrás el costumbrismo urbano que se impuso como canon poético argentino. Independiente del tamaño del país, existe en general en centro y una aspiración que el mismo llegue a reflejar toda la verdad. Tu crees que se pueda escribir literatura universal desde cualquier lugar o perspectiva?
No creo que exista algo llamado “literatura universal”. Eso es más bien una agrupación de la crítica en la que dialogan ciertas obras. Pero sí creo que se pueden hacer infinitas cantidades de diálogos. El desafío es crear el nuestro, si el interior existe como tal, entonces puede hablar su idioma. En Argentina se está dialogando, pues hay editoriales de lo más interesantes. Pero, sin dudas, dios aún atiende en Bs As y es al lugar adonde todos queremos ir. De todos modos, existe una nueva forma de vincularse, Mc Luhan decía que las ciudades se iban a abandonar tarde o temprano porque podíamos estar conectados sin la necesidad de lo físico. Mi próximo libro, Dos cachorros de sicario, sale en Bs As por la editorial Kintsugi gracias a comunicaciones físicas con Leandro Surce pero también al trabajo online que hicimos juntos.
O olhar do assassino e da vítima no mesmo verso como está em um de seus poemas, remete a um determinismo que talvez mergulhe todos na realidade que não pode ser mudada, essa velocidade do tempo que você pensa que nos tira o significado de viver plenamente ou o que você acha disso?
Esses versos procuram fazer um gesto: o democrático. Coloque as coisas, animais, pessoas e, por que, não, a aparência em pé de igualdade. Não acredito que a igualdade tire o sentido da vida, nem o niilismo retira o sentido. Parece-me que começamos a construir nossa história quando abandonamos hierarquias e sentidos.
La mirada del asesino y de la victima en un mismo verso como está en uno de sus poemas, se refiere a un determinismo do acaso que hunde a todos en la realidad que no se puede cambiar, esta velocidad del tiempo crees que nos quita el sentido de vivir pleno o qué piensas a respeto?
Esos versos intentan realizar un gesto: el democrático. Poner en pie de igualdad cosas, animales, personas y, por qué, no, miradas. No creo que la igualdad le quite sentido a la vida, como tampoco le quita sentido el nihilismo. Me parece que comenzamos a construir nuestra historia cuando nos despojamos de las jerarquías y los sentidos.
O poeta equatoriano Victor Vimos fala sobre o processo de escrita como um torneio de boxe. Com o que você poderia comparar seu processo de escrita?
Literatura, xadrez e boxe têm uma relação profunda. Na Argentina, Roberto Arlt elaborou sua famosa frase um cruzado no queixo. Nessas três modalidades, os nocautes não vêm de um golpe de sorte, mas de dois empregos anteriores: o treinamento, árduo e longo, e o dia da luta ou do jogo. Existe uma frase famosa que diz que quando alguém ataca o corpo, a cabeça cai sozinha. Uma grande história é aquela que não bate apressadamente, mas faz o leitor trabalhar até que ele seja nocauteado. Embora às vezes esse nocaute não seja tão maravilhoso, na literatura uma sensação de vazio do leitor no final de um texto é uma forma de nocaute.
El Poeta Ecuatoriano Victor Vimos habla del proceso de la escrita como un certamen de boxeo, a que podrias comparar tu proceso de escrita?
La literatura, el ajedrez y el boxeo tienen una profunda relación. En Argentina Roberto Arlt elaboró su famosa frase del cross a la mandíbula. En estas tres disciplinas los nocauts no llegan por un golpe de suerte sino por dos trabajos previos: el del entrenamiento, arduo y largo y el del día del combate o partida. Hay una famosa frase que dice que cuando uno ataca al cuerpo la cabeza cae sola. Un gran cuento es aquel que no da golpes apurados sino que va trabajando al lector hasta noquearlo. Aunque a veces ese nocaut no sea tan maravilloso, en literatura una sensación de vacío del lector ante el final de un texto es una forma de nocaut.
A tradição argentina tem no gaúcho seu símbolo máximo, arquétipo da nacionalidade por suas virtudes inatas, por sua coragem, por sua habilidade e por sua indiferença. Como você vê este símbolo hoje? Que símbolos você atribui à Argentina a partir do seu olhar?
O gaúcho é mais que um símbolo, um problema.Hoje tem despejos de terras tomadas por pessoas que não têm onde morar e grupos políticos que acompanham. O gaúcho sempre foi uma figura apropriada pelas classes dominantes, na literatura e na política. Os proprietários de terras que lutavam pelo despejo vestiam bombachas, camisas e botas de couro.
La tradición argentina tiene su símbolo máximo en el gaucho, arquetipo de la nacionalidad por sus virtudes innatas, por su valor, por su destreza y por su indiferencia. Como ves hoy por hoy este símbolo? Que símbolos atribuyes a Argentina desde tú mirada?
El gaucho más que un símbolo es un problema. Hoy se produjeron desalojos en tierras tomadas por personas que no tienen adonde vivir y agrupaciones políticas que acompañan. El gaucho siempre ha sido una figura apropiada por las clases dominantes, en la literatura y en la política. Los terratenientes que luchaban por el desalojo estaban vestidos con bombachas, camisas, botas de cuero.
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Mate viene de la palabra mati en quechua que significa calabaza. Que palabras eliges para hablar del mate y su tradición. De alguna história te acuerdas?
Me gusta más el café que el mate.
A palavra Mate provém da palavra mati em quechua que significa porongo. Que palavra você escolheria para falar do chimarrão e a sua tradição?
Eu gosto mais de café do que de chimarrão.
De que músicas de Patricio Rey e seus redonditos de ricota você gosta mais e o que você pode comentar sobre isso?
Todas músicas. Patricio Rey é uma banda de música muito famosa aqui. Foi um ícone de rock, mas sobretudo, seguiu a tradição do lunfardo. Em conjunto com a gauchesca e o tango, foram três as expressões artísticas que criaram uma nova língua. Foi feito mediante a introdução do linguajar marginal nos seus versos. Ao ler suas letras encontramos personagens excluídas do sistema e seu linguajar como bandeira. Eu gosto da síntese que fazem entre a cultura do rock e a realidade nacional dos anos 80 e 90.
¿Qué canción de Patricio Rey y sus redonditos de ricota más te gusta y que puedes comentar sobre eso?
Todas. Patricio Rey es una banda de música muy famosa acá. Fue un ícono del rock, pero sobre todas las cosas, siguió la tradición del lunfardo. Junto a la gauchesca y el tango, fueron las tres expresiones artísticas que crearon una lengua nueva. Lo hizo mediante la incorporación de las hablas marginales en sus versos. Al leer sus letras encontramos personajes excluidos del sistema y sus formas de habla como bandera. Me gusta mucho la síntesis que hacen entre la cultura rock y la realidad nacional de los 80 y 90.
Uma das marcas da banda eram os aspectos teatrais. O que você acha da união da poesia e elementos do teatro?
Eu me interesso pelos projetos artísticos que não estão reduzidos a uma só forma de expressão artística. Quando são utilizados os recursos, do teatro na música ou na literatura, da poesia no cinema, isto enriquece o produto. O mainstream sabe muito bem disso, mas é importante que a partir das produções pequenas sejam incorporadas linguagens diferentes. Hoje o Hip hop argentino está tomando a dianteira nesse sentido: Tem linguagem, performance, música , etc. Com amigos tocamos o projeto No quieras morir a besos sessions. Nisso misturamos música produzida pela banda de funk Lotus Jem, materiais visuais e leituras de poetas. Na última, Camila Vasquez, uma grande escritora de Rio Cuarto, participou.
Una de las marcas de la banda eran los aspectos teatrales, que te parece la unión de poesía y elementos teatrales?
Me interesan los proyectos artísticos que no se encasillan en una sola rama de las artes. Cuando se utilizan los recursos del teatro en la música o en la literatura, la poesía en el cine, enriquecen el producto. El mainstream a eso lo sabe muy bien, pero es importante que desde las producciones más pequeñas se incorporen lenguajes diferentes. Hoy el Hip Hop argentino está haciendo punta en ese sentido: hay lenguaje, performance, música, etc. Con unos amigos llevamos adelante el proyecto No quieras morir a besos sessions, allí mezclamos música producida por la banda de funk Lotus jem, materiales visuales y lecturas de poetas. En la última, participó Camila Vazquez, una gran escritora de Rio Cuarto.
Muita gente comenta tudo que foi divulgado sobre as redes sociais utilizadas pelo capitalismo de vigilancia, como você acha que as novas gerações possam lidar bem com este cenário. Existem perspectivas boas?
As redes são uma outra faca: ou vocêpega na lâmina ou no cabo. Não acredito que venha dominar-nos, são novos lugares por onde passam nossas vidas. Cada lugar impõe suas próprias regras, este não está livre disso. Não sou apocalíptico nesse sentido. Acompanho de perto o fenômeno Coscu no Twitch. Tem 30 mil espectadores na terça à meia noite e costuma ser transmitido por 24 horas. É um mundo novo que deve ser apropriado o mais rápido possível.
Mucha gente comenta todo lo que se filtró sobre las redes sociales utilizadas por un capitalismo de vigilancia, cómo crees que las nuevas generaciones puedan manejarse bien en este escenario. Hay buenas perspectivas?
Las redes son un cuchillo más: lo agarras por el filo o el mango. No creo que vengan a “dominarnos”, son nuevos lugares por donde pasan nuestras vidas. Cada lugar impone sus reglas, este no está exento de ello. No soy apocalíptico en ese sentido. Sigo de cerca el fenómeno Coscu en Twitch. Tiene 30 mil espectadores un martes de la medianoche y suele transmitir 24hs. Es un mundo nuevo del que hay que apropiarse cuanto antes.
Crees que hayan lugares o situaciones más favorables para escribir? Podrías hacer mención a algún lugar emblemático en este sentido?
Mi casa, mi computadora.
Você acredita que existam lugares ou situações mais favoráveis para escrever?
Poderia mencionar algum lugar emblemático neste sentido?
Minha casa, meu computador.
Sob a ótica da pandemia, como você vê o novo normal? Conta-nos alguma experiência pessoal que você viveu este ano na situação apresentada.
De todos modos, se aceleraron muchos procesos de digitalización de la vida y eso me parece positivo. Los escritores que más me gustan están ofreciendo talleres en red y viven en ciudades lejanas a la mía. Esto nos conectó con personas que no imaginábamos.
Aproveitei muito a quarentena, passei tomando vinho, vendo filmes, lendo, escrevendo. Moro com dois gatos, estive sem a presença humana. De todas formas, teve gente que passou muito mal, tomara que logo termine isso. Não sei se isto é um novo normal, na verdade um momento de transição. Ninguém diz o que vai acontecer porque ninguém sabe. Para mim começaria um novo normal quando dissessem: O vírus ficará para sempre. Até o momento, estamos na incerteza. Fique de olho, quem sabe este seja o novo normal, por enquanto me dou bem com ele e não penso no que virá.
Bajo la óptica de la pandemia, cómo ves al nuevo normal? Cuentanos alguna experiencia personal que tuviste este año mediante la situación presentada.
Disfruté mucho la cuarentena, me la pasé tomando vino, mirando películas, leyendo, escribiendo. Vivo con dos gatos, así que estuve sin presencias humanas. De todos modos, hay gente que la pasó muy mal, ojalá termine pronto esto.
No sé aún si esto es una nueva normalidad, más bien estamos en un momento de transición. Nadie dice qué va a pasar porque nadie lo sabe. Para mí comenzará la nueva normalidad cuando digan: el virus se queda para siempre. Hasta ese momento, estamos en la incertidumbre. Ojo, quizás ésta sea la nueva normalidad, por ahora me llevo bien con ella y no pienso en lo que vendrá.
