Victor Vimos, escrever e lutar

Trazemos o poeta equatoriano e antropólogo Victor Vimos, entusiasta e militante na circulação e do encontro com a literatura da América Latina. Uma entrevista exclusiva concedida ao poeta Julio Urrutiaga Almada

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Victor Vimos - Escrever e lutar

Entrevista bilingue

Siempre que se habla de Guerra, pensamos sobre violencia física y quizás la Guerra hable de violación de derechos o sea la fuerza sobreponiéndose al derecho de cada uno. ¿Podrías confrontar esta idea con tu poema Interpretación de la Guerra?   

La guerra es el grado cero de heterogeneidad. Funcionaliza lo homogéneo como jerarquía que se impone ante la diferencia, de la forma más simple y espeluznante: lo desaparece. Y ese imaginario hostil marca nuestra relación con los demás. Como me siento interpelado por la diferencia entonces la aniquilo, sistemáticamente, la borro. Hay una noción muy especial del ruido y el sonido en este ejercicio. La guerra, como toda práctica que busca hegemoníaestablece sus vías de prolongación en las formas musicales de sus logros que dejan por fuera el ruido indeseado: los himnos de los vencedores frente al llanto de los vencidos, por ejemploQuizáen ese texto al que haces referencia, hay la intención de mirar del otro lado, en el margen azul del ruido -se me ocurre– y sentir desde ahí lo que resiste a ser aplanado por la maquinaria militarista homogeneizadora, ya no solo de la guerra como hecho histórico, sino de todo acto de poder. ¿La intención es detener la guerra? No. Por supuesto que no. Pero como ejercicio de ampliación de conciencia y relación, la escritura destapa esos espacios que ante la historia aparecen empaquetados como números, fechas, direcciones… La escritura trabaja con los ruidos que afectan el idioma domesticador de la guerra.  

Sempre que falamos em Guerra, pensamos em violência física e talvez Guerra fale em violação de direitos, ou seja, força sobrepujando os direitos de cada um. Você poderia confrontar essa ideia com seu poema Interpretação da guerra?  

A guerra é o grau zero de heterogeneidade. Funcionaliza o homogêneo como uma hierarquia que prevalece sobre a diferença, da maneira mais simples e horripilante: ele desaparece. E esse imaginário hostil marca nosso relacionamento com os outros. À medida que me sinto desafiado pela diferença, então eu a aniquilo, sistematicamente, apago. Há uma noção muito especial de ruído e som neste exercício. A guerra, como qualquer prática que busca a hegemonia, estabelece seus meios de prolongamento nas formas musicais de suas realizações que deixam de fora ruídos indesejados: os hinos dos vencedores contra o grito dos vencidos, por exemplo. Talvez, nesse texto a que se refere, haja a intenção de olhar do outro lado, na margem azul do ruído – me ocorre – e sentir a partir daí o que resiste a ser achatado pela máquina militarista homogeneizadora, não só da a guerra como fato histórico, mas de todo ato de poder. A intenção é parar a guerra? Não, claro que não. Mas, como exercício de ampliação da consciência e do relacionamento, a escrita revela aqueles espaços que aparecem empacotados diante da história como números, datas, endereços … A escrita trabalha com os ruídos que afetam a linguagem domesticadora da guerra.  

Entrevistas exclusivas  Viector-Vimos-lectura-2 Victor Vimos, escrever e lutar

Me percato de que en tu poesia hay palabra hecha carne y luego palabra moviendose y fluida hasta subverter el lenguaje. ¿Cómo explicarías el movimiento de  poesía?  

Podría pensar en distintas etapas, variables en la intensidad de ese movimiento. Me interesa, por momentos, lo imperceptible que hay en la intención de moverse entre una línea y otra del texto. Mi amiga, Yvonne von Molendorfdecía que ella busca bailar en los espacios vacíos que hay entre las notas musicales. A eso me refiero cuando digo imperceptiblepues no se trata de un espacio para la movilidad como de una vocación hacia ellaLlama mi atención el espacio que se construye fuera de las palabras. Lo que estuvo ahí pero que es visible precisamente porque la atención está en la caligrafía, y lo muestra derepentecasi sin intención de ser visto. Este interés surge, quizá, por mi estrecha relación con Rafael Hastings, a quien tanto debo, y la reflexión que él sostenía  alrededor de una realidad que siempre está engañando en la superficie. ¿Lo que se ve es real? No podría echarlo a la borda. Pero tampoco podría darle todo el crédito a su materialidad. Me gusta penesar ese espacio hecho para un flujo en cambio constante, en transfiguración, de tal modo que lo escrito no cesa en el límite de sus dimensiones, sino que puede armar relación con lo que lo rodea. La palabra relación siempre quiere decir posibilidad de descubrimiento.

“... A intenção é parar a guerra? Não, claro que não. Mas, como exercício de ampliação da consciência e do relacionamento, a escrita revela aqueles espaços que aparecem empacotados diante da história como números, datas, endereços ... A escrita trabalha com os ruídos que afetam a linguagem domesticadora da guerra.”

Victor Vimos

Percebo que em sua poesia há uma palavra que se faz carne e depois uma palavra se movendo e fluindo até que a linguagem seja subvertida. Como você explicaria o movimento de sua poesia?  

Você pode pensar em diferentes estágios, variáveis na intensidade desse movimento. Interessa-me, por vezes, quão imperceptível é a intenção de se mover entre uma linha do texto e outra. Minha amiga, Yvonne von Molendorf, disse que busca dançar nos espaços vazios entre as notas musicais. É o que quero dizer quando digo imperceptível, porque não é um espaço de mobilidade como vocação para ela. O espaço que se constrói fora das palavras me chama a atenção.

O que estava ali mas é visível precisamente porque o foco está na caligrafia, e mostra-o de repente, quase sem intenção de ser visto. Esse interesse decorre, talvez, da minha estreita relação com Rafael Hastings, a quem tanto devo, e da reflexão que ele manteve em torno de uma realidade que sempre engana na superfície. O que é visto é real? Eu não poderia jogá-lo ao mar. Mas também não podia dar crédito total à sua materialidade. Gosto de penetrar naquele espaço feito para um fluxo em constante mudança, em transfiguração, de forma que o que está escrito não cesse no limite de suas dimensões, mas possa construir uma relação com o seu entorno. A palavra relacionamento sempre significa possibilidade de descoberta. 

Vamos hablar de tu experiencia con la cartonera MatapaloYo creo que la experiencia de producir libros artesanales es perenizar la unicidad del libro. ¿Qué más te marcó en todo el proceso de publicaciones de los libros cartoneros?  

Matapalo fue una experiencia enriquecedora en múltiples sentidos. Recuerdo su urgencia en un medio tan centralista como el ecuatorianoen el que todavía se piensa en términos de literatura como eso que se produce entre Quito o Guayaquil y a veces, para legitimarlo, se premia en Cuenca. Construir el libro en forma colaborativa, a modo de tejido comunitariopuso en relieve otros modos de pensar el soporte material de la lectura. Cada uno de quienes conformamos Matapalo, Gabriela Falconí, Edwin Lluco, Eduardo Yumisaca y yo, derivamos en formas propias de tener esa exploración. Para ahora, el modo en el que me acerco al material impreso, la dirección en la que pienso un libro, tienen que ver, sin dudacon esa etapa. Actualmente, y cada vez con mayor entrega, diseño los soportes materiales en los que escriboHay mucho de cartonera ahíen tanto relaciono elementos que no le corresponden necesariamente al libro, en sentido estricto, pero que dotan de singularidad lo que resulta de su reuniónQuizá también hay muchas cosas que repensar, pasada el agua del tiempo por los lados del proyecto Matapalo. Sus enganches con procesos mayores que le permitieran vivir más allá de nosotros, por ejemplo.

Vamos falar sobre sua experiência com a Cartonera Matapalo. Acredito que a experiência de produzir livros artesanais é perpetuar a singularidade do livro. O que mais te marcou em todo o processo de publicação dos livros da cartonera?  

Matapalo foi uma experiência enriquecedora em muitos aspectos. Lembro sua urgência em um meio tão centralista como o equatoriano, em que as pessoas ainda pensam em termos de literatura como o que se produz entre Quito ou Guayaquil e às vezes, para legitimá-lo, é premiado em Cuenca. Construir o livro de forma colaborativa, como tecido comunitário, evidenciou outras formas de pensar o suporte material da leitura. Cada um de nós que formamos Matapalo, Gabriela Falconí, Edwin Lluco, Eduardo Yumisaca e eu, derivamos seus próprios modos de fazer essa exploração. Para mim, agora, a forma como abordo o material impresso, a direção em que penso sobre um livro, tem a ver, sem dúvida, com esse estágio. Atualmente, e com dedicação crescente, desenho os suportes materiais sobre os quais escrevo. Existe muito da Cartonera ali, na medida em que relaciono elementos que não necessariamente correspondem ao livro, no sentido estrito, mas que dão singularidade o que resulta de seu encontro. Talvez haja também muitas coisas a repensar, depois da enxurrada de tempo em torno do projeto Matapalo. Seus ganchos com processos maiores que lhe permitem viver além de nós, por exemplo.  

5ª Feria Internacional del Libro Arequipa

"Los poemas del Boxeador" de Víctor Vimos

Yo escribo y desde ahí peleo,  repito  frase. Pregunto: ¿ crees que los labores de escritor y por ende de periodista nos acercan más de compromisos con lo que es colectivo?  

Esos compromisos con lo colectivo son, desde mi perspectiva, elementos que se heredan como parte de la identidad social. Yo crecí en Riobamba, una ciudad en la que relacionarse implica encontrar equivalencias sociales entre apellidos o tonos de piel. Evidentemente eso definió en  una forma radical de sospechar del individualismo, y buscar en el colectivo una comunidad en la que identifcarme. Aprece, sin embargo, esa línea del “notrosotros” y el “ellos” que, en cualquier lado que te ubiquesiempre será herramienta de parcialización y abuso. Esa mirada de los más contra los menos, de los de arriba y los de abajoha consagrado lo asimétrico como constitutivo de la voz de quienes se identifican con uno u otro grupo, y ha permitido que, en determinadas circusntancias, todos seamos capaces de cometer los mismos abusos, las mismas omisiones, los mismo encubrimientostras la lealtad  a los “nuestros”. No estoy diciendo que esas divisiones no existanvivimos en medio de un abuso y explotación evidentes. Pero observo cómo la escritura ha sido funcionalizada tras esa noción de colectivo al nivel más básico de su relación con el mensajeApuesto entonces por un ejercicio de escritura que distante a esta funcionalización sea también distante a estas divisiones y explore su propia vocación para relacionarse con ese modo de realidad. El periodismo es una entrada posible en ese contexto.  

Eu escrevo e, a partir daí, luto, repito sua frase. Eu pergunto: você acha que o trabalho de um escritor e, portanto, de um jornalista nos aproxima de compromissos com o coletivo?  

Esses compromissos com o coletivo são, na minha perspectiva, elementos que são herdados como parte da identidade social. Cresci em Riobamba, uma cidade onde socializar envolve encontrar equivalências sociais entre sobrenomes ou tons de pele. Obviamente, isso definiu em mim uma forma radical de suspeitar do individualismo e de procurar uma comunidade para me identificar. No entanto, você pode ver aquela linha de “nós” e “eles” que, onde quer que eu o coloque, sempre será uma ferramenta de preconceito e abuso. Este olhar do mais contra o menos, dos de cima e de baixo, consagrou o assimétrico como constitutivo da voz de quem se identifica com um ou outro grupo, e tem permitido que, em certas circunstâncias, todos sejamos capazes de cometer os mesmos abusos, as mesmas omissões, os mesmos acobertamentos, por trás da lealdade ao “nosso”. Não estou dizendo que essas divisões não existam; vivemos em meio a abusos e exploração flagrantes. Mas observo como a escrita foi funcionalizada por trás dessa noção de coletivo no nível mais básico de sua relação com a mensagem. Então, aposto em um exercício de escrita que se distancia dessa funcionalização e também se distancia dessas divisões e explora sua própria vocação para se relacionar com aquele modo de realidade. O jornalismo é uma entrada possível nesse contexto.  

Cúando yo llegué a Riobamba en los 80, tuve la oportunidad de conocer a Alfonso Chaves en la Casa de la Cultura de Chimborazo y desde luego tengo una memoria afectiva y un acercamiento artístico a que se generó en Riobamba y que le significó ser nombrada la Sultana de los Andes. Me gustaría que comentaras algo sobre el poeta Alfonso Chaves y los retos y encantos provenientes de la ciudad de Riobamba para la creación poética.  

La imagen de Alfonso Chávez ha tenido un eco que supera al de su propia obra. Como todo poeta, supo construir puentes que acercaron a polos, a ratos, incompatiblesalrededor de una idea de la cultura como mecanismo de cambio social. Yo lo conocí através de sus libros y testimonios de varios de sus amigos. 

Recuerdo con atención la fidelidad que el maestro Fausto Morocho guarda por él. Lastimosamente, creoen medio de todo ese afectosu obra ha sido la menos beneficiada: no conozco una edición que la recoja por completo, todavíaEscribir en una ciudad como Riobamba tiene una serie de retos. La escasa circulación de libros, la falta de espacios de diálogo soncreo, los más visiblesTienesin embargo, una serie de materiales imprecionantes para formar la mirada, la reflexión. No solo el paisaje que la rodea, sino la forma de conviencia con sus sectores rurales, donde  siempre existió una riqueza que la urbe se ha empeñado en ignorar. Deberiamos mirar más ahí, atender un poco más a la mezcla que ahora mismo es el motor de cambio de esa ciudad.    

Quando cheguei a Riobamba nos anos 80, tive a oportunidade de conhecer Alfonso Chaves na Casa de Cultura do Chimborazo e claro que tenho uma memória afetiva e uma abordagem artística que foi gerada em Riobamba e que significou ser nomeada a Sultana dos Andes. Gostaria que você comentasse um pouco sobre o poeta Alfonso Chaves e os desafios e encantos que vêm da cidade de Riobamba para a criação poética.    

A imagem de Alfonso Chávez teve um eco que ultrapassa o de sua própria obra. Como qualquer poeta, soube construir pontes que uniram pólos, por vezes incompatíveis, em torno de uma ideia de cultura como mecanismo de mudança social. Eu o conheci por meio de seus livros e testemunhos de vários de seus amigos. Lembro com atenção a fidelidade que o mestre Fausto Morocho guarda por ele. Infelizmente, acho que em meio a todo esse carinho, seu trabalho foi o que menos beneficiou: ainda não conheço uma edição que o inclua por completo. Escrever em uma cidade como Riobamba tem uma série de desafios. A escassa circulação de livros, a falta de espaços de diálogo são, penso eu, as mais visíveis. Possui, no entanto, uma série de materiais impressionantes para formar o olhar, o reflexo. Não só a paisagem que a rodeia, mas a forma de convivência com os seus sectores rurais, onde sempre existiu uma riqueza que a cidade se determinou a ignorar. Devíamos olhar mais lá, prestar um pouco mais de atenção ao mix que neste momento é o motor da mudança naquela cidade.  

Me acuerdo que nos conocimos en 2010 en la FIL – LIMA y en esa ocasión yo presentaba un trabajo de traducción(EL RIO – JAVIER HERAUD) y tu representabas al Ecuador como País homenajeado. La traducción es un territorio de escrita que siempre nos provoca diferentes reaccionesHablemos de significados y sonidos cuando traducimos.    

Recuerdo claramente ese encuentro. La fortuna de la vida se define en ese tipo de hallazgos. Sobre la traducción sé pocoAhora mismo vivo en un espacio en el que mi lengua, el español, me permite un acceso limitado pues me relaciono con el inglés de modo funcional. Sin embargo, tengo la sensación de que las palabras empiezan a caer en espacios abiertos en los que germinan y se ramifican para “jalar” a más palabras. A veces me sorprendo hablando en inglés de forma automática, sin que exista siquiera la necesidad de comunicarme.

Lembro que nos reunimos em 2010 na FIL – LIMA e nessa ocasião eu estava apresentando um trabalho de tradução (EL RIO – JAVIER HERAUD) e você representou o Equador como país homenageado. A tradução é um território da escrita que sempre provoca reações diferentes. Vamos falar sobre significados e sons quando traduzimos.   

Lembro-me claramente dessa reunião. A fortuna da vida é definida nesses tipos de achados. Eu sei pouco sobre tradução. No momento vivo em um espaço em que meu idioma, o espanhol, me permite acesso limitado porque interajo com o inglês de maneira funcional. No entanto, tenho a sensação de que as palavras começam a cair em espaços abertos, onde germinam e se ramificam para “puxar” mais palavras. Às vezes me pego falando inglês automaticamente, sem nem mesmo precisar me comunicar.  

Me gusta preguntar sobre lugares emblemáticos de las ciudades, lugares que te remeten a escribirYo sé que como yo, estás por el mundo pero pregunto: ¿hay algún lugar  que mencionarías como inspirador o propio para  escribir?    

Me gustan los espacios silenciosos. Mi acercamiento a la escritura ha cambiado con el tiempoAhora lo veo como un decantarse cotidiano que busca mirarse en la interperie de los signos, los espacios, los sonidos, las sensacionesSoy alguien que prefiere la madrugada. Esa extensión del sueño que arroja palabras sin premeditación o dirección. Las veo regadas entonces sobre la hojaCon algo de suerteluego de un tiempovuelvo sobre ellasHay ahí entonces la vitalidad de una relación por trazarse. Me interesa eso por ahora, la relación de las palabras antes que la idea de que, por estar escritas y agrupadas indefectiblemente formen un poema. Los espacios silenciosos me permiten esa atención.  

Gosto de perguntar sobre lugares emblemáticos nas cidades, lugares que te fazem escrever. Sei que como eu, você está no mundo, mas pergunto: há um lugar que você mencionaria como inspirador ou o seu para escrever?   

Gosto de espaços sossegados. Minha abordagem para escrever mudou com o tempo. Agora vejo como uma decantação diária que busca se olhar no clima de signos, espaços, sons, sensações. Sou uma pessoa que prefere o amanhecer. Essa extensão do sonho que vomita palavras sem premeditação ou direção. Eu os vejo então espalhados na folha. Espero que, depois de um tempo, eu volte para eles. Existe então a vitalidade de um relacionamento a ser traçado. Interessa-me por agora, a relação das palavras perante a ideia de que, por serem escritas e infalivelmente agrupadas, formam um poema. Os espaços silenciosos permitem-me essa atenção.  

Me gustaría que hablaras algo sobre el Carnaval de Santa Cruz de Guamote (Ecuador).    

El carnaval es una fiesta tutelar dentro de mi universo familiar. En la exploración que realicé a esta celebración en la comunidad campesina de Santa Cruz, en Guamote, pude aprender formas simbólicas singulares que relatan la vida del hombre en un medio ambiente andino. El poder que las montañas tienen en estos sitios, por ejemploes otro tipo de paradigma desde el que se puede cuestionar nuestras visiones de lo que, creemoses real. Alrededor de estas observaciones se pueden mirar formas disímiles de la acción poética: la construcción de ofrendas, los rezos, los cantos que la gente reproduce mientras recorre su territorioSon formas del lenguaje que han estado ahí renovándose continuamente, integrando lo que el mundo trae a ellas, y no al revés. 

Gostaria que falasse um pouco sobre o Carnaval de Santa Cruz de Guamote (Equador).   

O carnaval é uma festa tutelar dentro do meu universo familiar. Ao explorar esta celebração na comunidade camponesa de Santa Cruz, em Guamote, pude aprender formas simbólicas únicas que relacionam a vida do homem em um ambiente andino. O poder que as montanhas têm nesses lugares, por exemplo, é outro tipo de paradigma a partir do qual podemos questionar nossas visões do que acreditamos ser real. Em torno dessas observações, podem-se observar formas díspares de ação poética: a construção de oferendas, orações, as canções que as pessoas reproduzem enquanto percorrem seu território. São formas de linguagem que lá estiveram se renovando constantemente, integrando o que o mundo traz para elas, e não o contrário.  

Para que conozcan un poco la senda que estás adentrando en tu investigación ¿qué podrias decir sobre ritualidad y poesía?   

Precisamente esa relación se desprende de exploraciones como las realizadas en Santa Cruz, o en Moya, en el departamento peruano de Huancavelica. La noción de vida cotidiana no está alejada de la noción de ritualidad. Continuamente estamos eleborando formas que marcan un cambio de estados, una forma de adentrarnos a lo desconocido desde la seguridad de no estar expustos a la intemperieCreo que sobre este tipo de nociones opera un empate singular en las formas con que el rito y el poema son rodeados por el lenguaje. La noción de crisis de identidad, por ejemploes algo que se convierte en una característica central en este puntoEn la poesía y en el ritual existe una etapa de crisis prolongada que desnuda nuestras perspectivas frente a la realidadActualmente observo eso en determinados textos de Jaime Sáenz, Juan Ramírez Ruiz y César Dávila Andrade.

Para que saibam um pouco sobre o caminho que você está percorrendo em suas pesquisas, o que você poderia dizer sobre ritual e poesia?  

É justamente essa relação que emerge de explorações como as realizadas em Santa Cruz, ou em Moya, no departamento peruano de Huancavelica. A noção de vida cotidiana não está longe da noção de ritualidade. Estamos continuamente elaborando formas que marcam uma mudança de estados, uma forma de entrar no desconhecido a partir da segurança de não estarmos expostos aos elementos. Acho que um laço singular opera sobre esse tipo de noção nas formas como o rito e o poema são circundados pela linguagem. A noção de crise de identidade, por exemplo, é algo que se torna uma característica central neste ponto. Na poesia e no ritual, há um estágio prolongado de crise que desnuda nossas perspectivas da realidade. Atualmente, observo isso em certos textos de Jaime Sáenz, Juan Ramírez Ruiz e César Dávila Andrade.  

Al hablar de cultura creo que se hace urgente expresar el sentido de integración y memoria ¿Cuál sería la definición de cultura capaz de significar esa integración  

Pienso que el reto está en hacernos una idea de cultura en expansión constante, que esté sostenida en la crítica a sus propios límites. Me gustan mucho esas zonas culturales donde la tradición se amplifica y rehace, no excenta de tensión y enfrentamiento. Ver a la cultura como un todo armónico en el que el Otro es integrado implica replicar el poder de unos para “incluir” frente a otros que deben ser “incluidos”. Quizá en el cuestionamiento a esas nociones de cultura esté una de las claves para pensar en procesos necesarios ahora mismo.  

“Escrever em uma cidade como Riobamba tem uma série de desafios. A escassa circulação de livros, a falta de espaços de diálogo são, penso eu, as mais visíveis. Possui, no entanto, uma série de materiais impressionantes para formar o olhar, o reflexo. Não só a paisagem que a rodeia, mas a forma de convivência com os seus setores rurais, onde sempre existiu uma riqueza que a cidade se determinou a ignorar.”

Victor Vimos

Quando se fala em cultura, penso que é urgente expressar o sentido de integração e memória, qual seria a definição de cultura capaz de significar essa integração?    

Acho que o desafio é ter uma ideia de cultura em constante expansão, que se sustente na crítica em seus próprios limites. Gosto muito dessas áreas culturais onde a tradição é ampliada e refeita, não sem tensão e confronto. Ver a cultura como um todo harmonioso no qual o Outro está integrado implica replicar o poder de alguns de “incluir” diante de outros que devem ser “incluídos”. Talvez questionar essas noções de cultura seja uma das chaves para pensar sobre os processos necessários agora.  

Si pudieras eligir un poema o libro tuyo para hablar de tu obra, ¿cuál seria?  

Elegiría un texto que no se ha escrito, todavía.   

 

Se você pudesse escolher um poema ou livro seu para falar sobre seu trabalho, qual seria?  

Eu escolheria um texto que ainda não foi escrito.  

Extraje del relato del extranjero de Jorge Enrique Adoum los siguientes versos:   

Habla/otro idioma” dijo el académico,/tal vez por ese dialecto/de extranjera ternura./”Es un extrañodijo acechándolo/ el policía, seguramente un enemigo“./ Pero él quería amar la compañía/de los hombresanduvo por las calles/ saludando, entró a los negocios,/averiguó en las cocinas la exacta/cantidad de hambre y de comida/y halló en los camastros manchas/de pasajero amor y pobreza duradera.”  

Vamos hablar del sentido y la reverberación del concepto de extranjero y como eso nos afecta en la actualidad.  

Hay una labor interesante en la vocación de extranjeríaejercerla aún cuando no se cruce las fronteras del propio país. Esa otra forma de viaje, una permanencia interior, es algo que, de ser buscado, podría prolongarse en dimensiones diferntes al desplazamiento externo. En mi caso, esa primera extranjería, la interior, se ha ido agudizando con los desplazamientos exteriores que he tenidoViví en Lima, Perú, durante ocho años. Junto al mar y en desiertoAhora, los bosques de este sector del midwest de los Estados Unidos son mi espacio cotidiano. ¿Qué ha cambiado? No solo el paisaje, la gente, el lenguaje, sino una forma de seguir persiguiendo esa distancia interior donde el eco de la superficie esdigámoslo así, pausado. Me encantaría poder sostener esa pausa cada vez más, por más tiempoAhorasin embargo, surge en momentos en que mi atención es más clara y sostenida. ¿Significa esto que ya no soy ecuatorianoNo séNo sé qué es ser ecuatoriano, a esta altura. Lo que está mediado por esa noción de territorio, como he dicho antes, siempre termina poniendo de un lado y de otro incluso a quienes estamos fueraHay, y es notorio, una intención de reconocer una migración oficial en tanto los discursos institucionales se beneficien de ellaYo me siento más guamoteño que ecuatorianosiendo Guamote el publo de nacimiento de mis padres y mi lugar de formación sentimental. Me siento más sanmarquino que Peruano, siendo la Universidad Nacional Mayor de San Marcos, un lugar que ha definido mis pasos en varios sentidos. Me sientoahora, más de los bósques que rodean a Cincinnati, en los que por la tarde revienta el canto de los grillos como una sifonía acaudalada. ¿Extranjero? ¿Dónde? ¿De dónde?  

Extraí os seguintes versos do relato de Jorge Enrique Adoum sobre o estrangeiro:  

Habla/otro idioma” dijo el académico,/tal vez por ese dialecto/de extranjera ternura./Es un extrañodijo acechándolo/ el policía, seguramente un enemigo“./ Pero él quería amar la compañía/de los hombresanduvo por las calles/ saludando, entró a los negocios,/averiguó en las cocinas la exacta/cantidad de hambre y de comida/y halló en los camastros manchas/de pasajero amor y pobreza duradera.”  

Vamos falar sobre o significado e a reverberação do conceito de estrangeiro e como isso nos afeta hoje.   

Há uma tarefa interessante na vocação dos estrangeiros: exercê-la mesmo quando não se cruza as fronteiras do seu próprio país. Essa outra forma de viagem, uma permanência interior, é algo que, se buscado, pode se prolongar em outras dimensões que não o deslocamento externo. No meu caso, aquele primeiro estrangeiro, o interno, tornou-se mais agudo com os deslocamentos externos que tive. Morei em Lima, Peru, por oito anos. Junto ao mar e no deserto. Agora, as florestas desse setor do meio-oeste dos Estados Unidos são meu espaço diário. O que mudou? Não só a paisagem, as pessoas, a linguagem, mas uma forma de continuar a perseguir aquela distância interior onde o eco da superfície é, digamos assim, lento. Eu adoraria ser capaz de sustentar essa pausa cada vez mais, por mais tempo. Agora, porém, surge às vezes quando minha atenção está mais clara e sustentada. Isso significa que não sou mais equatoriano? Não sei. Não sei o que é ser equatoriano neste momento. O que é mediado por essa noção de território, como já disse, acaba sempre por colocar até mesmo nós de fora de um lado e do outro. Existe, e é sabido, a intenção de reconhecer uma migração oficial, desde que dela beneficiem os discursos institucionais. Sinto-me mais guamoteño do que equatoriano, sendo Guamote a terra natal de meus pais e meu lugar de formação sentimental. Me sinto mais San Marcos do que peruana, sendo a Universidad Nacional Mayor de San Marcos, um lugar que tem definido meus passos de várias maneiras. Sinto, agora, mais as florestas que circundam Cincinnati, nas quais à tarde o canto dos grilos irrompe como uma sinfonia rica. Estrangeiro? Onde? De onde?  

Livros do autor
SOBRE O AUTOR

Seus livros foram publicados no Equador, Peru, Bolívia, Argentina e Paraguai. Dirigiu a editora Matapalo Cartonera, no Equador, e a editora Toé, no Peru, país onde, além disso, trabalhou como jornalista e como professor do Departamento de Antropologia da Universidade Nacional Mayor de San Marcos. Ele atualmente reside nos Estados Unidos e está cursando pós-graduação no Departamento de Línguas e Literaturas Românicas e Árabes da Universidade de Cincinnati, onde desenvolve um processo de pesquisa sobre ritual e poesia. 

Sobre o entrevistador

Julio Urrutiaga Almada é poeta, escritor, professor universitário, tradutor literário, dramaturgo e ator. Transeunte do Mundo. Identificado com a realidade latino-americana. Geminiano com ascendente em peixes e lua em câncer (marte em sagitário e vênus em Touro).