Morte e Vida Severina é um livro do escritor brasileiro João Cabral de Mello Neto, publicado em 1956.
O Auto de Natal de Pernambuco retrata a trajetória de Severino, que deixa o sertão nordestino em direção à capital em busca de melhores condições de vida. O fio condutor do percurso é o Rio Capiberibe que vai do interior ao litoral.
Nessa caminhada de Severino são retratadas as histórias de outros Severinos como ele, expostos a aridez da terra e as injustiças contra o povo. A morte é companhia na dura viagem constantemente relacionada à miséria e a falta de dignidade.
Conforme a personagem se aproxima do litoral, o solo se torna mais fértil e o canavial é maior. Ele crê ter chegado em um lugar onde a vida não é severina.
Mas, mesmo em meio à abundância, acaba por descobrir que a morte não abranda. Ao invés das terras secas de pedra, o lugar da pobreza agora é o mangue, as terras alagadas que são habitadas pelos retirantes.
Neste momento, o percurso e a narrativa parecem ter chegado ao fim. Severino esperava por redenção ao chegar no final de seu rosário, de sua penitência.
Quando Severino está num cais pensando em tirar a própria vida este encontra José, um morador do mangue, e conversam sobre a morte que, por mais que seja anunciada, parece ser adiada para se viver mais dias de sofrimento.
A conversa é interrompida pelo anúncio do nascimento do filho de José, um momento de epifania no poema. O percurso de Severino, mesmo sendo cercado pela morte, termina com a vida que insiste em florescer em meio à tanta miséria.
O poema foi adaptado para o teatro, a televisão, o cinema e transformado em desenho animado. A obra é, acima de tudo, uma ode ao pessimismo, aos dramas e à indiscutível capacidade de adaptação humana, especialmente dos retirantes nordestinos.