Juan Rulfo e a alma latino-americana
Saiba um pouco mais sobre o escritor mexicano, autor de dois grandes clássicos da literatura mundial: Pedro Páramo e A Planície em Chamas. A obra de Juan Rulfo revolucionou a abordagem da realidade rural do México e a linguagem nos anos 50 do século XX, influenciando grandes nomes como Gabriel Garcia Márquez. Trazemos uma entrevista concedida em 1977 pelo autor e seu aclamado livro para download
Juan Nepomuceno Carlos Pérez Rulfo Vizcaíno é um dos escritores mais celebrados na América Latina. Embora muito famoso, sua vida pessoal foi muito reservada e o próprio autor gostava de espalhar diferentes versões sobre sua trajetória.
O que se sabe é que nasceu por volta de 1917, no estado de Jalisco, no México, num pequeno povoado na área de Sayula, onde foi registrado, ou em Apulco, cidade de nascimento de sua mãe, ou ainda em San Gabriel. Acompanhou de perto os desdobramentos da Revolução Mexicana e, em especial, a Guerra Cristera, conflito cujo ápice durou de 1926 a 1929. Seu pai e dois tios morreram assassinados e, com a morte de sua mãe por um ataque cardíaco, quatro anos depois, Rulfo foi enviado a um orfanato em Guadalajara, onde viveu entre 1927 a 1935.
Em 1937, começou a trabalhar como classificador de arquivos na Secretaria do Governo de Guadalajara. Naquela época, ele também iniciou uma amizade decisiva com Efrén Hernández, a primeira pessoa que acreditou em seus escritos e o encorajou a torná-los públicos. Em 1941, ocupou o cargo de agente migratório e lá conheceu o escritor Juan José Arreola, que exerceu forte influência sobre ele.
Em 1944, Rulfo fundou a revista literária Pan. Juan era autodidata e se debruçou sobre vários clássicos e contemporâneos da literatura latina e mundial. Contribuiu para vários periódicos, dramaturgia e até mesmo com a televisão. Tinha paixão pela fotografia e se dedicou muito a esta arte.
Em 1953 publicou A Planície em Chamas, um livro de contos, e em 1955, seu primeiro Romance, Pedro Páramo, aclamado por conta de seu estilo inovador e caráter universal de sua abordagem.
Dedicou-se ao Instituto Nacional Indígena do México onde, desde 1962 até sua morte em 1986, foi diretor do departamento de publicações. Realizou a edição de uma das mais importantes coleções de antropologia e fez várias exposições.
Em 1983, quando recebeu o prêmio Príncipe de Astúrias, um dos mais prestigiosos da língua espanhola, Rulfo concedeu uma entrevista a um canal de televisão espanhol, em que o entrevistador lhe questiona os motivos de escrever tão pouco. A resposta de Rulfo foi: “Lo que pasa es que yo trabajo”.
Entrevista com Juan Rulfo em 17 de abril de 1977
Pedro Páramo para download
Pedro Páramo – Romance mais aclamado da literatura mexicana, Pedro Páramo é o primeiro de dois livros lançados em toda a vida de Juan Rulfo. O enredo, simples, trata da promessa feita por um filho à mãe moribunda, que lhe pede que saia em busca do pai, Pedro Páramo, um malvado lendário e assassino. Juan Preciado, o filho, não encontra pessoas, mas defuntos repletos de memórias, que lhe falam da crueldade implacável do pai. Vergonha é o que Juan sente. Alegoricamente, é o México ferido que grita suas chagas e suas revoluções, por meio de uma aldeia seca e vazia onde apenas os mortos sobrevivem para narrar os horrores da história. O realismo fantástico como hoje se conhece não teria existido sem Pedro Páramo; é dessa fonte que beberam o colombiano Gabriel Garcia Márquez e o peruano Mario Vargas Llosa, que também narram odisséias latino-americanas.
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