PABLO NERUDA: um poeta contra as ditaduras

Pablo Neruda possui alguns dos poemas mais lidos na literatura mundial. Clandestino, precoce e engajado, sua poesia atravessou fronteiras e sua trajetória, artística e política, influenciou toda a América Latina. Trazemos documentários sobre o prêmio Nobel de 1971, vitimado pela ditadura chilena que depôs Allende em 1973.

Ricardo Eliécer Neftalí Reyes Basoalto, nascido na pequena cidade de Parral no dia 12 de julho de 1904, ficou mais conhecido pelo seu pseudônimo Pablo Neruda. O poeta ganhou o prêmio Nobel de Literatura em 1971 e é considerado um dos maiores nomes da poesia contemporânea. 
Aos 17 anos, se mudou para Santiago para estudar pedagogia e francês na Universidade do Chile, e venceu um prêmio com o poema “A Canção de Festa”. Neruda é autor de alguns dos poemas mais lidos da literatura mundial.  Poeta desde a juventude, seu primeiro livro, Crepusculário, aos 19 anos, já mostrava sua vocação e estilo, com poesias sobre a natureza, o amor, a mulher e temas sociais. 
Anos mais tarde foi diplomata, representando o Chile como cônsul na Espanha e no México. Abandonou a carreira para se tornar senador em 1945. No ano seguinte, com a morte do presidente Ríos Morales, Gabriel González Videla ocupou o cargo e instaurou censura na imprensa e forte repressão a sindicatos e trabalhadores. Neruda, então, publicou em um jornal uma carta denunciando as traições e os crimes de Videla. Pouco tempo depois, proferiu seu famoso discurso “Eu Acuso”, no qual atacou a política e a pessoa do presidente. O governo cassou seu mandato e ordenou sua prisão. Neruda, então, passou a viver na clandestinidade.  
Depois de ter sido perseguido por Videla, o ex-senador publicou Canto Geral, uma espécie de resposta poética às injustiças históricas da América Latina. Na obra, ele transformou seus versos em arma de combate e buscou principalmente engajar a população na luta contra o poder político na região.
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Influências
A poesia futurista russa, que se afastava das normas estabelecidas devido ao uso de linguagem crua e à apresentação de pessoas comuns, encontrou um grande número de admiradores, especialmente na América do Sul, incluindo o poeta chileno e Prêmio Nobel Pablo Neruda. 
Segundo o escritor soviético Iliá Ehrenburg, que traduziu as obras de Neruda para o russo, o poeta chileno havia pegado gosto por Maiakôvski desde cedo. “Neruda foi inspirado pela sinceridade, pela rejeição às convenções e pela voz de trovão” de Maiakôvski.
Alguns anos depois, nas eleições presidenciais dos anos 1970, foi um forte apoiador de Salvador Allende, defendendo seus ideais marxistas e um projeto de América Latina mais justa. Em setembro de 1973, porém, Allende foi destituído pelo regime militar de Augusto Pinochet. Apenas 11 dias depois, Neruda morreu. Houve alguma desconfiança de que ele tivesse sido assassinado. Em livro escrito por Isabel Allende (filha de um primo-irmão de Salvador Allende), Paula (1994), conta-se que o poeta teria morrido de tristeza ao ver o governo dissolvido. 
Após o golpe encabeçado pelo general Augusto Pinochet, “La Chascona”, a casa de Neruda em Santiago foi saqueada, e seus livros queimados. O funeral do poeta foi realizado no Cementerio General, com a presença dos membros da direção do Partido Comunista.  
Embora o cortejo fosse acompanhado por soldados armados, escutaram-se desafiantes gritos em homenagem a Neruda e a Salvador Allende enquanto era cantada “A Internacional”. Terminada a cerimônia, muitos dos participantes não puderam fugir e acabaram por engrossar a lista de mortos e desaparecidos forçados da ditadura chilena. 
Em 1973, quando morreu, aos 69 anos, Pablo Neruda era um astro internacional. Sua poesia lírica – em livros como Vinte Poemas de Amor e Uma Canção DesesperadaCem Sonetos de Amor e Os Versos do Capitão, renderam um lugar cativo nos corações de sul-americanos e admiradores de todo o mundo. Em 2013, um juiz ordenou a exumação do corpo de Neruda para investigar as circunstâncias da morte, que foi atribuída a um câncer de próstata. 

O Carteiro e o Poeta

O Carteiro e o Poeta (completo)

Mario (Massimo Troisi) é um carteiro que, ao fazer amizade com o grande poeta Pablo Neruda (então exilado político), vira seu carteiro particular e acredita que ele pode se tornar seu cúmplice para conquistar o coração de uma donzela. Descobre, assim, a poesia que sempre existiu em si, assemelhando-se às descobertas de verdade pelos meios dialéticos de Sócrates-Platão

EU ACUSO

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Resistência  eu-acuso-pt-3 Neruda: um poeta contra as ditaduras
Comício - São Paulo a Luís Carlos Prestes
Em 1945, após ser eleito senador, Neruda veio ao Brasil para ler suas poesias para mais de 100 mil pessoas no Estádio do Pacaembu, em homenagem ao líder comunista Luís Carlos Prestes. 
 O filme de Ruy Santos conta com o histórico discurso proferido no Estádio do Pacaembú em São Paulo, em julho de 1945. Luis Carlos Prestes foi homenageado por trabalhadores da cidade e do campo e, ainda, por ilustres como Monteiro Lobato e Pablo Neruda, que lê o poema Mensagem para mais de 100 mil pessoas que lotaram o estádio.  
Prestes foi eleito o Secretário Geral do Partido Comunista do Brasil na Conferência da Mantiqueira, em 1943, ainda preso, e saiu da prisão em abril de 1945. Neste período, o partido conquista um breve período de legalidade e Prestes é, nesse mesmo ano, eleito senador mais votado da República, com mais de 160 mil votos.  
Ficha:  Filme Comício: São Paulo a Prestes Direção e fotografia de Ruy Santos Texto de Alinor de Azevedo Narração: Amarílio de Vasconcelos Realização: Comitê Central do Partido Comunista 
SaoPaulo a LuisCarlosPrestes - O Comício do Pacaembú
NERUDA NO BRASIL; O BRASIL EM NERUDA
O artigo de se propõe a fazer um levantamento crítico das relações entre o poeta Pablo Neruda e o Brasil. Para isso, faz um duplo movimento de análise: enumera as diversas referências feitas ao autor por artistas brasileiros, para questionar a singular posição de Neruda no imaginário da cultura brasileira, e, por outro lado, acompanha poemas do autor chileno que mencionam paisagens, personalidades e acontecimentos ligados ao Brasil.