Militante do partido comunista brasileiro e a primeira mulher a ser presa no país por motivos políticos, Pagu também era considerada musa do movimento modernista. Ao longo de sua vida foram mais 23 prisões, a mais longa delas perdurando por 5 anos. Foi escritora, poeta, tradutora, jornalista, desenhista, e, principalmente, uma militante comunista. Seu romance Parque Industrial foi publicado sob o pseudônimo de Mara Lobo sendo o primeiro romance proletário da literatura brasileira, onde retrata os excluídos da sociedade paulistana e a desigualdade na metrópole.
Pagu também é considerada uma das responsáveis por trazer a soja para o Brasil. Numa viagem, como conta Raul Bopp na biografia de Augusto de Campos, Patrícia fez amizade com a madame Takahashi, esposa do diretor da South Manchurian Railway. Com a influência da amiga, Pagu tinha bom acesso ao palácio, onde conversava informalmente com o imperador.
“Quando Pagu me narrou o ambiente de familiaridade, pedi que procurasse arranjar algumas sementes selecionadas de soja”, contou Bopp a Campos.
Após a aventura oriental, entrou na Europa de trem pela Transiberiana, passou por Moscou e chegou a Paris. Na França, passou a frequentar alguns cursos na Sorbonne e filiou-se ao Partido Comunista Francês.
Foi pega pela polícia com documentos falsos, o que lhe garantiu mais uma prisão. Acabou liberada após a intervenção do embaixador brasileiro Souza Dantas junto ao governo francês.
Mas o cerco do governo Vargas aos comunistas estava mais apertado do que nunca. Na primeira metade da década de 1930 o cenário político brasileiro é balançado por dois extremos opostos, a Ação Integralista, de inspiração nazifascista, e o Partido Comunista.
Patrícia Rehder Galvão nasceu em 1910, em São João da Boa Vista, São Paulo. Romancista, tradutora, jornalista e professora. Aos três, muda-se com a família para São Paulo e vai residir no bairro industrial do Brás. Conclui os estudos na Escola Normal em 1928, ao mesmo tempo que estuda literatura e arte dramática no Conservatório Dramático e Musical de São Paulo.
Aos 19 anos, conhece o escritor Oswald de Andrade (1890-1954), com quem iria se casar em 1930, e a artista plástica Tarsila do Amaral (1886-1973), ambos envolvidos com o movimento antropofágico. Pagu, nome criado pelo amigo e escritor Raul Bopp (1898-1984), tem um de seus desenhos publicado na Revista de Antropofagia.
Em 1931 ingressa no Partido Comunista Brasileiro (PCB) e afasta-se de casa para seguir as atividades do partido. Com a ajuda financeira de Oswald, publica Parque Industrial, em 1933, o primeiro romance brasileiro a ter operários como protagonistas, assinado com o pseudônimo Mara Lobo. Pagu viaja por diversos países como correspondente dos jornais Correio da Manhã, Diário de Notícias e Diário da Noite.
No Brasil, por causa de suas atividades políticas fica presa de 1935 a 1940, é vítima de torturas e tem problemas com a saúde. Ao sair da prisão, separada de Oswald, casa-se com o jornalista e escritor Geraldo Ferraz (1905-1979). Com ele, escreve o romance A Famosa Revista, publicado em 1945, e trabalha em diversos jornais, até ambos tomarem a frente do Suplemento Literário do Diário de S. Paulo, para o qual Pagu realiza traduções de autores estrangeiros e escreve crônicas na seção Cor Local.
Ao sair da prisão, em 1940, rompeu com o Partido Comunista, passando a defender um socialismo de linha trotskista. Integrou a redação de A Vanguarda Socialista junto com seu marido Geraldo Ferraz, o crítico de arte Mário Pedrosa, Hilcar Leite e Edmundo Moniz.
Casou novamente com Geraldo Ferraz, e desta união nasceu seu segundo filho, Geraldo Galvão Ferraz, em 18 de junho de 1941. Passou a morar com os dois filhos e o marido. Nessa mesma época viaja à China.
Em 1945, lançou novo romance, A Famosa Revista, escrito em parceria com o marido Geraldo Ferraz. Tentou, sem sucesso, uma vaga de deputada estadual nas eleições de 1950.
Em 1952 frequentou a Escola de Arte Dramática de São Paulo, levando seus espetáculos a Santos. Ligada ao teatro de vanguarda, apresentou sua tradução de A Cantora Careca de Eugène Ionesco. Traduziu e dirigiu Fando e Liz de Fernando Arrabal, numa montagem amadora na qual estreava o jovem ator Plínio Marcos. Também traduziu poemas de Guillaume Apollinaire.