Publicidade

Nicolas Behr: um poeta em Brasília

nicolas behr

***
desço aos infernos 
pelas escadas rolantes 
da rodoviária de Brasília 

meu corpo boiando 
no óleo que ferve 
um pedaço do teu coração 
num pastel de carne 

***
o seio como parte da boca 
o toque como parte do olhar 
o respirar como parte do ar 
o  dançarino como parte da dança 
a língua como parte do dente 
o desejo como parte do gozo 
o poema como parte do todo 
a vagina como parte do pênis 
  
e o teu espanto 
como parte do medo 

***
o menino que fui existe onde não estou 
  
o menino que fui não sou eu, 
é outro menino, mais antigo, 
que veio antes de mim 
  
o menino que fui 
nenhum poeta imagina, 
nenhuma palavra recria 
  
o menino que fui não foi

RECEITA
Ingredientes:
2 conflitos de gerações
4 esperanças perdidas
3 litros de sangue fervido
5 sonhos eróticos
2 canções dos beatles
Modo de preparar
dissolva os sonhos eróticos
nos dois litros de sangue fervido
e deixe gelar seu coração
leve a mistura ao fogo
adicionando dois conflitos de gerações
às esperanças perdidas
corte tudo em pedacinhos
e repita com as canções dos beatles
o mesmo processo usado com os sonhos
eróticos mas desta vez deixe ferver um
pouco mais e mexa até dissolver
parte do sangue pode ser substituído
por suco de groselha
mas os resultados não serão os mesmos
sirva o poema simples ou com ilusões

BRAXÍLIA

Braxília é um documentário cujo foco é o olhar do poeta Nicolas Behr sobre Brasília. O documentário discute as possibilidades da simbiose entre Brasília e Braxília, cidade inventada pelo poeta.
BRAXÍLIA ano | 2010 direção | DANYELLA PROENÇA

#MINHABRASILIA nº 16

Ele é cuiabano, mas conseguiu como poucos traduzir Brasília. O poeta mais aclamado da Capital deu um rolé na #minhabrasilia e falou de poesia, de saudade, da ditadura, e de Brasília, claro! 

Poeta cuiabano radicado em Brasília, escreve sobre amor, poesia, infância, Brasília, entre outros temas. Publicou 20 livros. Participa ativamente de encontros literários pelo país.
Marcado sob pressão pelos militares, Nicolas foi perseguido, interrogado, preso e censurado nos fim dos anos 1970.
​​Na página do autor é possivel encontrar outros vídeos, audiopoemas e livros.

Publicidade
Publicidade