O movimento das mãos, poema de Carlos Orfeu
Trazemos um poema de Carlos Orfeu, poeta que foi arrebatado pelos versos de Fernando Pessoa e pela efervescência dos encontros poéticos e saraus. Dono de uma escrita repleta de imagens e sensibilidade, possui diversos poemas publicados em blogs e revistas literárias.
o movimento das mãos
a luz – partículas
indivisíveis
exígua
flama
incêndio de poros
nas mãos que dormem
:em câmera lenta
acordam
estalam
os ossos da noite
para a exaustão do dia
os dedos acesos
são fósforos
alçam o início
do fogo – roçam
na língua do dia
quatorzes falanges: mais treze
ossos e toda uma mecânica
espantosa – faminta
feroz do tato: isto é a mão
se movê-la debaixo da luz
o ângulo será outro: a mão
será outra diante do campo sensível do olho
a luz encontrará num desvio
montagem – coreografia de janelas
frestas: rachaduras para adentrar
o corpo com o sol e seu grito
de níquel: hélio esparramado
no espaço que certamente se
deformará nos andaimes
do hálito: entrecortada
a fala se abrirá como o pão
ou rosa num velho jarro
suas mãos dançam
em distorção selvagem
lou reed: suede
patti smith
o espaço com dentes
morde seu movimento
cometa entre-
aberto no fulgor
mosaicos de sombras
a dança das suas mãos
inquieta pintura
:tempo em colisão
Entrevista com o poeta Carlos Orfeu
Natural de Queimados, no Rio de Janeiro, Carlos Orfeu foi arrebatado pelos versos de Fernando Pessoa e pela efervescência dos encontros poéticos e saraus. Como escritor lançou os livros “(In)visíveis Cotidianos (LiteraCidade, 2017) e “Nervura” (Patuá, 2019). Dono de uma escrita repleta de imagens e sensibilidade, possui diversos poemas publicados em blogs e revistas literárias.
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