Ali foram torturados e enviados à morte centenas de pessoas que lutavam contra a injustiça em seu país.
Este lugar foi transformado em um museu da memória, o espaço Memória e Direitos Humanos, para nunca esquecer do que as classes dominantes são capazes de fazer para seguir implantando seus projetos de exploração de trabalhadores/as, de destruição da natureza: torturar, matar, eliminar a memória e os rastros de quem se colocar no caminho.
Ali encontrei o Pavel Tavares, que propôs da gente gravar um poema meu, e ainda com o peito apertado de tudo que vi no museu, e pensando no nosso presente-passado atual, gravei este “Poema para ser lido num almoço de domingo ou num encontro de turma”, com a força de resistência desse lugar.
escuta, escuta
outra voz canta
Vem lá de trás, de longe
Vem de sepultadas bocas
e canta”
Chovia, muito. Era o único dia que tínhamos pra gravar, e fizemos com chuva e tudo, como se nota.
Poema para ser lido num almoço de domingo ou num encontro de turma
Uma ode à real mudança que queremos
Lucas Bronzatto é um rapaz latino americano vindo do interior de São Paulo (Mogi Mirim – SP) que escreve poemas e nas horas vagas trabalha na área da saúde. Encontra seus versos nas contradições do cotidiano, nas violências, resistências e impaciências diárias, nas dores e nas cores do mundo.
Não anda só, e por isso faz parte de vários coletivos. É membro do Coletivo Tantas Letras, de São Bernardo do Campo e organiza, com este coletivo, o Sarau Lapada Poética, desde 2013. Compõe também a equipe que organiza o Slam do Grito, no bairro Ipiranga, em São Paulo. Também é membro do Coletivo Dolores Boca Aberta Mecatrônica de Artes, que atua na Zona Leste de São Paulo. Junto ao poeta Jeff Vasques, fundou em 2017 o selo Edições Trunca, dedicado à tradução e divulgação de poetas latinoamerican@s de luta, quando publicaram a antologia “Cantos à nossa posição”, do poeta Roque Dalton.
Em 2014 lançou seu primeiro livro, Cantos Tortos pela Dobra Editorial. E, em 2016, seu segundo livro de poesias, “Afronta fronteiras” (independente). Teve poemas publicados em antologias, fanzines, revistas e sites literários, foi selecionado em um ou outro prêmio literário, mas, segundo conta, o momento mais importante de sua carreira como poeta foi quando trabalhadores de uma ocupação que protestava contra retrocessos na política de saúde do país chamaram um poema seu de “ode à real mudança que queremos” e difundiram nas redes sociais os versos de “Quando os pacientes perderem a paciência” (versão de poema do Mauro Iasi).
Registro em video do poema “Quando os Pacientes Perderem a Paciência”, feito no Sarau Lapada Poética, no Bar Ferradura – Acervo Cultural Agostinho dos Santos, em junho de 2016. As imagens são de Cadu Silva, feitas para a Websérie “A Voz dos Saraus”. Ao fundo, duas obras póeticas também, parte de um dos murais da Nanete Azevedo, e a fumaça do cigarro da Nancy Dos Santos, patrimônio imaterial da cultura de São Bernardo!