Poemas de Pedro Vale

Pedro Vale é professor de primeiro ciclo na Ilha da Madeira há 20 anos e estudante de Cultura na universidade local. Azul Instantâneo é o seu primeiro livro e resulta de um exercício de escrita espontânea em que a poesia prevalece. O autor divulga há algum tempo a sua obra para a segunda edição independente.

É preciso viver sem paixões.

Mergulhar no absoluto anonimato,

Permanecer morto ou vivo até ao fim.

Aclamar o tumulto escuro e bruto.

Encenar o drama clemente e lento.

Sentir um amor ideal por anjos nebulosos.

Descobrir um novo fundo de poesia e aguardar

uma voz que nos ordene docilmente:

– Não te movas, nem te inquietes,

nem traias o que

ainda não

és.

Porto

A poesia vai

Pela rua,

Nua.

Esconde-se

Nas manhãs mais

Frias.

E é à noite que lhe foge

A voz.

Lenta

E lenta,

Lentamente,

Até

Desembainhar

Na

F

O

Z

Luz(a) alma

Sossega e vive do ar

A cómoda alma, armário espacial.

Plana e cisma a esmola pintada

Na rua nua e perfumada.

Sonha a universal fundação,

À beira-rio, navio-fantasma e fruição.

Entoa, na guitarra infantil, dramática gente,

Num acorde simples, medieval.

– Ó alma lusa,

Acorda e sente,

Mesmo que à tangente,

O que é ser filha de Portugal.

O poema

como

Pétala de escravo

marinho

que enternece.

Hoje acordei com uma andorinha no estômago.

A noite era de tempo limpo e sono.

Sabia a quebra milenar, cabelo solto.

Nenhuma angústia, lei, mato ou víscera defronte.

O prédio seguia o seu curso normal de vida, espécie de abrigo impune.

Gineceu.

Observava sem capacidade estrelada o céu, quando a miúda astronomia me

Espantou a inocência.

A circular impressão se revelara.

Tal como no meu estômago, assim uma via-andorinha, se alongava, qual

fita emprestada, distraidamente, no ar.

No

Silêncio

De ouro da

Ponta do pargo,

Por um fio não

Desci para a

Gruta ida

De t

I

.

.

.

.

.

Hoje acordei com uma andorinha no estômago.

A noite era de tempo limpo e sono.

Sabia a quebra milenar, cabelo solto.

Nenhuma angústia, lei, mato ou víscera defronte.

O prédio seguia o seu curso normal de vida, espécie de abrigo impune.

Gineceu.

Observava sem capacidade estrelada o céu, quando a miúda astronomia me

Espantou a inocência.

A circular impressão se revelara.

Tal como no meu estômago, assim uma via-andorinha, se alongava, qual

fita emprestada, distraidamente, no ar.

Cisma

Em mim um

Conceito,

Quase uma

Ordem estabelecida.

– o desejo.

Quanto

Menos o

 

Pratico,

Mais

se manifesta e me

surpreende por

excitante e novo.

 

Glicínias.

Pedro Vale vive no Funchal desde 2002 onde é professor de primeiro ciclo. 

Cursou Ciências da Cultura e frequenta o mestrado em Gestão Cultural na Universidade da Madeira.

O seu primeiro livro «Azul Instantâneo» foi lançado em dezembro de 2017 e o autor trabalha na divulgação da sua segunda edição.