Redescoberto mural de Diego Rivera

Submerso há 42 anos o mural “Água, Origem da Vida” pode ser apreciado em toda sua beleza e complexidade, reafirmando o talento e gênio visionário de Rivera. Uma obra que cobre o conjunto de túneis da adutora em Cárcamo de Dolores.

Mural subaquático do artista Diego Rivera, “Água, Origem da Vida” está localizado na segunda seção da Floresta Chapultepec.

Os quatro lados do tanque interno, onde se encontra o mural, foram pintados de tal forma que, para onde quer que se olhe, se pode ver o significado. É um todo, sem começo nem fim. No fundo, no chão, os microrganismos pintados por Rivera. 

O artista entendeu que a água cobriria o seu trabalho durante vários anos, por isso acima desenhou formas estilizadas e concretas, como uma evolução. Após muitos anos imersos na água, este trabalho vê a luz novamente e ainda faz sentido. Hoje, onde a água se torna cada vez mais vital e importante, vê-se que o mural de Rivera olha para o futuro.

A história desta estrutura e do mural está ligada ao sistema hidráulico da Cidade do México. Para construí-la, levou mais de dez anos e milhões de dólares, a fim de trazer a água do rio Lerma à cidade. Quando a obra foi concluída, como uma celebração, Diego Rivera, o famoso artista mexicano, deu-lhe um toque diferente, um toque artístico, um toque de magia.

 

Originalmente construído para a inauguração do Chapultepec Carcamo, em 1951, para celebrar a conclusão de uma importante obra que traria água potável para a Cidade do México, foram necessários 42 anos para que o Centro Nacional de Obras Artísticas decidisse desviar o curso de água para ver a obra. A surpresa deles foi grande quando viram que a beleza estava intacta.

 

Juntamente com Ricardo Rivas e Ariel Guzik, designers do edifício e colegas de Diego Rivera, toda a equipe criou uma verdadeira obra de arte, tanto no exterior como nos túneis e espaços interiores.

 

O nome do grande projeto estrutural  “Água, a origem da vida” ainda faz sentido, mesmo várias décadas após a sua construção. Muitos países já sofrem com a escassez de água e outros estão lutando para recuperar o direito à água para a população. 

Sem dúvida, foi um trabalho visionário.

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Diego Rivera e o muralismo

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Conhecido por suas fortes convicções políticas, Rivera, importante muralista mexicano, sozinho, mudou a forma da arte de sua nação.

 

Diego María de la Concepción Juan Neponuceno Estanislao de la Rivera y Barrientos Acosta y Rodrigues nasceu na cidade de Guanajuato, no México, no dia 8 de dezembro de 1886.

 

Em 1910, teve sua primeira exposição de sucesso na Cidade do México. No ano seguinte, retornou à Europa e se estabeleceu em Paris. Seus principais contratos artísticos nessa época eram com os russos.

 

Em Paris, Rivera foi influenciado pelo trabalho dos cubistas, como podemos observar na pintura ” Retrato de Duas Mulheres”, mas em 1917 rompeu com esse estilo artístico.

 

 Em 1919, viajou para a Itália, onde descobriu os afrescos de grandes artistas. Dois anos depois, ele retornou ao México, onde usou o afresco ao pintar murais. Embora tenha adotado essa técnica clássica, Rivera abandonou o estilo europeu para um visual novo e popular, influenciado pelos astecas, cubistas e por Henri Rousseau. Durante este período, ele se juntou ao Partido Comunista e sua afiliação política inspirou os estudantes de direita a uma revolta com a Escola Nacional Preparatória onde Rivera estava trabalhando.

 

Em 1923, Rivera passou a trabalhar em uma série de murais para o Ministério da Educação. Seu trabalho foi muito criticado devido ao seu conteúdo político, mas atraiu atenção em países do exterior.

 

Em 1927, foi convidado pela Rússia a participar do décimo aniversário da Revolução. Ele concordou em pintar um mural para o Clube do Exército Vermelho em Moscou, mas encontrou dificuldades e diferenças de opinião enquanto trabalhava. Um ano depois, foi mandado para casa pelo Secretariado Latino-Americano do Comintern e, em 1929, foi demitido do Partido Comunista.

 

De volta ao México, Diego se casou com Frida e criou algumas de suas obras mais importantes ao pintar inúmeros afrescos no Palácio de Cortez.

 

Em 1931, Rivera e Kahlo viajaram para Nova York, onde se tornaram celebridades depois que a retrospectiva de Rivera no MOMA quebrou todos os recordes de público. O maior escândalo de sua carreira, ocorreu nesta viagem quando retratou Lenin em um mural para o Centro Rockefeller. Rivera não foi autorizado a concluir o trabalho, que acabou sendo destruído. Depois do tumulto em torno desse mural, ficou difícil para ele encontrar comissões.

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Após sua expulsão do Partido Comunista, tomou o partido dos trotskistas e o casal Rivera e Kahlo receberam Leon Trótsky e sua esposa no México em 1937.

No final da década de 1940, Rivera começou sua campanha para ser readmitido no Partido Comunista. Ele alcançou seu objetivo em 1954, porém a essa altura com a morte de Frida Kahlo e sua falta de saúde o impediram de desfrutar de seu sucesso.

Diego Rivera faleceu em 1957, de câncer. Antes de morrer, pediu que suas cinzas fossem misturadas com as de Frida que falecera três anos antes e serem mantidas na Casa Azul, residencia do casal. Seus desejos não foram respeitados por sua esposa na época, Emma Hurtado.

O muralismo foi um movimento estético de integração das três artes, a pintura, a escultura e a arquitetura. Quebrando as barreiras do academicismo, o muralismo invadiu os locais públicos, mediados por uma proposta inovadora de cunho social e político.

Além de explorar temas nacionais, o muralismo tinha como intuito principal propor a democratização da arte que, até então, era uma parcela de poucos. São exemplos os murais no Palacio de Cortés (Cuernavaca), no Palacio Nacional e no Palacio de las Bellas Artes (Cidade do México) e na Escuela Nacional de Agricultura (Chapingo).

Diego é considerado um dos protagonistas do Muralismo Mexicano. Diante de sua grande notoriedade, Rivera foi convidado pelo governo mexicano para realizar alguns murais.

A arte de Rivera influenciou muitos artistas estadunidenses, que expôs seu trabalho em grandes murais nas cidades de São Francisco, Detroit e Nova Iorque.

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