“Essa relação de pai e filho é explorada em uma narrativa detalhista e minuciosa que busca
trazer ao leitor duras reflexões, dentre as quais, sobre as prisões que os homens vivem ao buscar uma masculinidade frágil que tem de ser provada a todo instante”, escreve Felipe Ramos, co-fundador do PapodeHomem & Instituto PDH, na orelha do livro. “Ao longo da história, o autor nos confronta com diversas situações de preconceitos do personagem central com seus entes mais próximos. A partir de um espelho feio, porém real, de nossa sociedade, e em situações banais e cotidianas, atravessadas de capacitismo e machismo, somos convidados a olhar com repulsa a nossa própria imagem, em uma leitura envolvente, ácida e poderosa que prende a atenção do início ao fim do livro.”
Com 34 anos, Renato é pai de três crianças (Dora, Tom e Teresa). Além de escritor, psicólogo
e supervisor clínico, é mestre em filosofia. Trabalhou durante anos em instituições de saúde
mental e psiquiátricas e possui ampla experiência no atendimento de pacientes com quadros clínicos graves, como psicose e esquizofrenia. “Como psicólogo, meu trabalho é escutar. É preciso dar vazão à dor e dar sentido aos afetos e sentimentos renegados à borda, encontrar outros caminhos junto àquele que, no meu consultório, me confia a sua história. E se essa história é de violência e dor, é preciso trazer para perto, integrar”, diz.
Renato frisa que seu livro não é temático. “O principal de ‘O último bom homem’ é a complexidade da dor humana dentro de vivências, trajetórias e histórias de vidas
particulares”, explica o autor. “Isso pode ser tematizado, é claro, temos ali a questão do machismo, do capacitismo, entre outras, que são temas centrais e urgentes para a nossa sociedade hoje e de onde origina boa parte de nossos sofrimentos. Mas, no meu livro, esses temas não são centrais, o central é a vivência de personagens que se encontram na margem. O encontro entre borda e centro gera a tensão necessária para provocar o leitor a olhar e trazer para perto os limites particulares e coletivos. Isso é capaz de gerar perspectivas, e tanto a literatura como a psicologia carregam essa função: perspectivar a si mesmo e nossa sociedade”, argumenta.