Ricardo Chacal
O que pode a poesia? Como enxerga a cena contemporânea e suas potencialidades?
O grande mérito dos anos 70 foi tirar o véu do solene, do sublime, trazendo o poema para o corpo e a fala, coisa que o hip hop levou ao extremo, fazendo um poema tribal, a muitas vozes.
Poeta do Silêncio, Marginal, Mimeógrafo, Rock’n’roll, Cigano, Mutante, Ricardo Chacal é um promotor de bons encontros. Sua trajetória como poeta e agitador cultural alterou as bússolas dos que insistiam em mapear a poesia numa navegação de cabotagem que não se lançava em direção ao novo ou ao povo. Mais do que páginas, a poesia de Chacal produz vida e performance. Através da oralidade e dos corpos, a poesia passa a ser o happening e o encontro o centro em torno do qual orbitam e atravessam poetas cometas, astros e satélites.
A poesia comparece quando a bronca é muita e as opções poucas
um ótimo e sofrido momento para a poesia. o discurso político paleolítico tradicional se desgastou em meio a multiplicidade, a instantaneidade das plataformas digitais.
Delírio puro
quanto mais louco
lúcido estou.
no fundo do poço que me banho
tem uma claridade que me namora
toda vez que eu vou ao fundo
me confundo quando boio
me conformo quando nado
me convenço quando afundo.
no fim do fundo
eu te amo.
O que era Marginal tornou-se Magistral
CEP 20.000
CEP 20.000 – documentário de Daniel Zarvos sobre o projeto CEP 20.000 (Centro de Experimentação Poética do Rio de Janeiro). Com Chacal, Guilherme Zarvos, Michel Melamed, Pedro Luís, Dado, Ericson Pires, Maurição, Cazé Peçanha, Viviane Mosé, Pedro Rocha, Maurição, Tavinho Paes, Rubinho Jacobina, Alexandre Vogler, Aimbere César, Botika, Vitor Paiva, Domenico Lancellotti, Boato, Carlos Emilio Correa Lima, entre diversos outros artistas.
Fonte: www.michelmelamed.com