Sousa Haz, o poeta radioativo

Em 2007, Márcio-André permaneceu seis horas lendo seus poemas em meios aos escombros da cidade abandonada no que chamou de “Conferência Poético-Radioativa de Pripyat” (Chernobyl), na chamada Zona de Exclusão, correndo deliberadamente risco de contaminação radioativa por césio 137 e estrôncio 90. Após o evento, recebeu a alcunha de “primeiro poeta radioativo do mundo”.  

Prisão de livros e de coisas
Mudar de país já não faz diferença

Márcio-André de Sousa Haz é um cineasta, escritor, intérprete e artista plástico premiado nascido no Rio de Janeiro e atualmente vivendo em Budapeste.  

Começou sua carreira como diretor de cinema, frequentando as aulas de Roman Coppola, Asghar FarhadiStephan Elliott e Christopher Hampton. Desde então, ele trabalhou em vários curtas-metragens, documentários e videoclipes para bandas como They Might Be Giants e Besh o Drom. 

É o vencedor do Prêmio Medina Media 4K de Melhor Diretor (Festival de Málaga) pelo curta-metragem “Cozy for Two in Kuleshov St.” e recebeu o primeiro prêmio no FEST – Pitching Forum (2018, Portugal) na categoria longa-metragem. Seu curta “A primeira vez que vi Francis Taylor ele estava em câmera lenta” ganhou doze prêmios em festivais internacionais, incluindo melhor diretor e melhor filme no 48HFP, Melhor Curta Experimental no Sardinia Film Festival, Melhor Roteiro no Festival Corti a Sud e Melhor Trilha Sonora na ShortyWeek (Cádiz, Espanha).  

Publicou relatórios para a Deutsche Welle sobre refugiados sírios na Hungria e um documentário sobre Maria Kodama, escritora e esposa de Jorge Luis Borges.  

Como escritor, os textos de Sousa Haz foram traduzidos para mais de vinte idiomas. Fez palestras e apresentações em Londres, Paris, Nova York, Moscou, Veneza, Roterdã, Lisboa, Lima, Buenos Aires e muitas outras cidades.  

Depois de fazer uma leitura em Chernobyl, na cidade abandonada de Pripyat, Sousa Haz se tornou o primeiro poeta radioativo brasileiro.Seu livro “Poemas apócrifos de Paul Valéry” foi indicado para os prestigiados prêmios de língua portuguesa Jabuti e Oceanos, e recentemente tornou-se objeto de uma dissertação de doutorado. Ele foi titular da concessão da Fundação Biblioteca Nacional em 2009 para o ensaio “Poética das Casas”. Em 2017, seus “Ensaios radioativos” (2008) foram adaptados para uma peça teatral e encenados no Teatro Miguel Falabella, no Rio de Janeiro.  

Graduou-se em Letras e é mestre em poética pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em 2008, recebeu a Bolsa Fundação Biblioteca Nacional, pelo livro de ensaios Poética das Casas e, em 2009, foi poeta-em-residência em Monsanto, Portugal.  

Em 2007, ganhou as páginas dos jornais ao fazer uma “conferência” suicida na cidade fantasma de Chernobyl. Nesta sua performance-de-um-homem-só (que chamou de “Conferência Poético-Radioativa de Pripyat”), Márcio-André permaneceu seis horas lendo seus poemas em meios aos escombros da cidade abandonada de Pripyat (Chernobyl), na chamada Zona de Exclusão, correndo deliberadamente risco de contaminação radioativa por césio 137 e estrôncio 90. Após o evento, recebeu a alcunha de “primeiro poeta radioativo do mundo”. Essa performance resultou no livro Ensaios Radioativos, onde ele descreve a experiência de contaminação. 

Eventualmente colabora com jornais como O Globo e o Jornal do Brasil e é articulista do caderno Pensar, do Estado de Minas. É também tradutor de Gilles Ivain, Serge PeyGhérasim Luca, Mathieu Bénézet, Paul Valéry e Hagiwara Sakutaro.  

Márcio-André tem sido considerado um dos mais relevantes poetas das novas gerações no Brasil e um dos mais polêmicos ensaístas da atualidade. Com três livros publicados, foi editor-chefe da revista binacional (Brasil/Portugal) de arte e literatura Confraria e fundador, ao lado de Victor Paes e Karinna Gulias, da Confraria do Vento. Participou de várias edições do CEP 20.000 (Centro de Experimentação Poética) e foi idealizador, junto com o poeta Guilherme Zarvos, do website Cepensamento.[16] 

Fez leituras no Encontro Internacional de Poetas da Universidade de Coimbra (Portugal), no Marché de la Poésie (França), no Encuentros de Interrogacion (Argentina) e em muitos outros eventos nacionais, como Balada Literária, Rave Cultural, Cartografia Web Literária, Flip, Fórum das Letras, Flap, Festipoa e outros. Seus poemas estão traduzidos e publicados em espanhol, francês, inglês, italiano, finlandês, holandês e catalão. 

Seus livros têm inspirado os mais diversos estudos acadêmicos, tais como a pesquisa de Ronaldo Ferrito, na UFRJ, e o projeto Pólis Mínima, de Laurie Cristine Tavares. Seu poema “O objeto” deu origem a uma peça coral do compositor Jean-Pierre Caron, recentemente apresentada em Bogotá, e seu livro Intradoxos está sendo adaptado para o cinema pela cineasta Paula Gaitán. 

 

Fonte: site do autor/Wikipedia