Guilherme Zarvos
Diretamente ligado a história da cena poética da cidade do Rio de Janeiro, Guilherme Zarvos falou com a Revista Arara sobre a cena contemporânea, o dragão da maldade e o que pode a poesia.
Quisera-me menos fodido, menos anti-social,
sem beirar sarjetas, eu, sujeito educado,
Quisera-me velhinho contando histórias para
os vizinhos.
Não vou negar: dar o cu, pesa-me na alma.
Acho que já se pode construir uma visão mediada pelos eventos de 2013. As forças e ruas se politizaram, inúmeros vagalumes com movimentação Negra, feminista, trans, LGBT, e poesia de quem dialoga com o canônico ou com experiências de fora da cidade. Inúmeros poetas citam viagens e autores.
O que pode a poesia? Como é pra você o ato de escrever, o que é para você ver o que é e foi escrito, o que a poesia inscreve e transcreve à realidade.
Apesar de achar que aos 62 minha capacidade criativa e perceptiva já diminui, continuo acreditando que livros podem modificar pessoas. Acho que quem publica um livro tem vontade de dialogar. Pensando assim a poesia pode tudo. Ciente de que tem um público reduzido.
A poesia irá derrotar o dragão da maldade?
Havia, ainda nos anos 90, uma personificação de um sujeito poético que tendia a exaltar ou inventar dândis na escrita com perguntas como “quem é o melhor?” enquanto hoje há uma conscientização da escrita proletária. O poeta não tem vergonha de trabalhar como a enorme maioria da população brasileira para sobreviver com dificuldade e manter a necessidade de escrever ou publicar. Este é o embate com o dragão da maldade, continuar ou não? Precisar ou não prosseguir escrevendo poesia.