Levantei e abri a janela,
Tinha tudo para ser uma manhã bela,
Mas eu estava enganado,
Foi só eu abrir a janela e era tiro pra todo lado.
Isso está errado,
Não pode ser possível,
É só eu acordar e recebo a notícia que meu amigo tinha morrido,
Adivinhem como ele era,
Preto, pobre de favela,
E o que mais me irrita,
É que para muitos ele era só mais uma vítima,
Não, não pode ser,
Até quando esse genocídio vai acontecer.
Vivemos em um filme onde mocinho na verdade é o vilão,
Onde o vilão pede redenção,
E a nação não aceitou o seu perdão,
O jogado no chão,
Por não sair de casa com uma Bíblia na mão,
Olha que todos somos errados,
Cometemos pecados,
Julgamos sem querermos ser julgados,
Nada disso é engraçado,
Meu amigo era um cara irado,
Solidário,
Que amava ajudar os mais necessitados.
Mas para muitos isso não importa,
Pois para muitos ele era mais um favelado,
Que poderia facilmente ser descartado.
O sol já está se pondo,
mas a operação ainda está continuando,
Famílias chorando
Um dos seus no chão sangrando,
E lá se vai mais um inocente,
“Quando vão tirar as mãos das armas,
E por as mãos nas mentes”
Tudo bem já sei que não saberão responder,
Afinal preferes nos ver sofrer,
Do que perder esse maldito poder.
“Poder”, se é que posso chamar assim,
Do que adianta o poder
Se ele causa sofrimento sem fim.
Mas do que adianta falar,
Entra em um ouvido e sair pelo outro,
Lembrando que não foram 10 balas perdidas
E sim 10 balas miradas em um corpo!