"A História de Chiquinho" O livro retrata a luta de Chico Mendes para as crianças
Chico Mendes vira personagem infantil pelas mãos de Ziraldo.
Francisco Alves Mendes Filho, o “Chico Mendes”, nasceu no dia 15 de dezembro de 1944 no seringal Porto Rico, no município de Xapuri, estado do Acre. Filho de seringueiro, aos onze anos de idade já trabalhava ao lado do pai no corte da seringa. Aprendeu a ler e a escrever aos 18 anos.
Iniciou sua luta em defesa da floresta, na década de 70, participando da luta dos seringueiros pela posse da terra na Amazônia. No início da década de 80, foi eleito presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri e primeiro presidente do Conselho Nacional dos Seringueiros.
No entanto, para algumas pessoas, as ideias de Chico Mendes eram vistas como entrave ao desenvolvimento da região, defendiam um modelo baseado no desmatamento e na expulsão dos seringueiros.
Sua luta pela preservação da Amazônia e de seu povo tornou-o símbolo da causa ambiental em todo mundo, tendo sido premiado em 1987 pela ONU pelo seu destaque na defesa do meio ambiente, além de outros prêmios e condecorações.
“Ele tinha absoluta certeza de que, se a gente não lutasse pelas florestas, o clima iria mudar, a desigualdade social iria aumentar. É por isso que ele defendia as reservas como forma de manter o equilíbrio. Para ele, valorizar o meio ambiente e a biodiversidade era cuidar das pessoas”.
(Julio Barbosa, da Associação dos Moradores e Produtores da Reserva Extrativista Chico Mendes em Xapuri).
Depois de receber uma série de ameaças, Chico Mendes foi assassinado no dia 22 de dezembro de 1988 em sua casa em Xapuri, na presença de sua mulher e seus dois filhos, Sandino e Elenira.
Chico Mendes viveu, lutou e morreu em defesa da vida, sonhando, um dia, ver o homem convivendo em harmonia com a floresta e com as pessoas que extraíam seu sustento da natureza.
Na sequência do assassinato, o governo brasileiro, pressionado por organizações internacionais, criou as primeiras Reservas Extrativistas. A que leva o nome de Chico Mendes e fica no território onde ele atuou foi reconhecida em 1990. Nos quase mil hectares da Resex Chico Mendes, mais de duas mil famílias geram renda com o que coletam da mata. Atualmente, o látex é retirado de aproximadamente 60 mil seringueiras, que rendem 1 milhão de reais por ano aos extrativistas, revela Tião Aquino, da Cooperacre (Cooperativa Central de Comercialização do Acre).
Um de seus grandes desejos, o de que a juventude aderisse a uma causa humanista de preservação e sustentabilidade, serviu de inspiração para a publicação de um livro infantil, intitulado “A História de Chiquinho”.
O projeto foi idealizado por Elenira Mendes, filha de Chico Mendes e presidente do Instituto Chico Mendes, que convidou o cartunista Ziraldo, que aceitou desenhar e supervisionar o projeto. A obra foi escrita pela escritora Walquíria Raizer, com Elenira e a jornalista Charlene Carvalho.
O livro tem uma linguagem infantil, de fácil entendimento. Através de uma maneira simples e divertida, não só a história de Chico Mendes poderá ser passada para as crianças e jovens, mas suas ideias e valores de preservação a natureza e sustentabilidade.
"A ideia nasceu desde que eu comecei a militar na causa, fiquei imaginando uma maneira de transmitir a história do meu pai para as crianças" (Elenira Mendes, filha de Chico Mendes)
A história de Chico Mendes em Documentário
Cartas, bilhetes e entrevistas mostram como Chico Mendes — criado longe dos bancos da escola — aprendeu a ler, a escrever e se tornou o maior líder seringueiro que o Brasil já conheceu. Além de testemunhar a luta dos seringueiros contra a pressão do latifúndio e a devastação da floresta.
Seringueiros apostam em reserva sustentável
O documentário acompanha a rotina dos seringueiros que vivem em Xapuri, Acre.
Duas décadas depois da morte de Chico Mendes, a extração do látex da seringueira é uma cultura que continua sendo a principal fonte de renda para milhares de pessoas que vivem na Floresta Amazônica. O aumento da ocupação da Região Norte por fazendeiros, incentivados pelo Governo Federal a comprar terras na Amazônia, no entanto, levou seringueiros a criarem reservas extrativistas.
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