Status Quântico, mergulho lítero-musical do Baião de Spokens
Frames urbanos, ritos, existencialismo: novo EP do Baião de Spokens conecta arquétipos mitológicos e ancestrais ao contexto contemporâneo, com participações de Ava Rocha, Dinho Nascimento, Laya, BNegão e Thomas Harres.
Resultado da combinação de um mergulho fundo no universo literário com escavações no terreno musical que passam pelo trip-hop, afrobeat, rock, dub, samba, rap e cantiga, somadas às participações de Ava Rocha, Dinho Nascimento, Laya, BNegão e Thomas Harres, a experiência proposta pelo EP Status Quântico/EPiko, do Baião de Spokens, um lançamento Amplifica Records, é plena de sonoridades, simbologias e, especialmente, referências que atuam como elos narrativos.
De conceitos filosóficos, como na faixa Aristotélico-Platônico, mitos urbanos e modernos, como em Alice Lambrusko, passando ainda por Pajé e Quem matou Judas? (ambas representando diferentes esferas religiosas, bíblicas, afro-indígenas e xamânicas), as quatro composições de Caco Pontes e Rafa Eko sintetizam a pluralidade temática dentro de uma certa unidade narrativa, na busca de aprofundar a experiência. O EP pode ser conferido a partir do dia 30 de junho nas principais plataformas de streaming.
Criado em 2014 por Caco Pontes, o projeto tem inspiração na cultura Spoken Word, buscando mesclar referências tradicionais e modernidade, atuante na linguagem “literomusical”, ao mesclar performances poéticas com experimentações sonoras e visuais, utilizando elementos de intervenção em diálogo também com o universo dos saraus e slams, sobretudo no contexto urbano, geralmente intenso, caótico e polifônico. Na atual formação, além de Caco o Baião de Spokens conta com Caleb Mascarenhas, Felipe Pan Chacon, Ligia Kamada e Lua Bernardo.
É na selva de concreto diluída em outros mundos além que surge Status Quântico/Epiko. “Estava em uma festa quando conheci Rafa Eko, que fazia um som instrumental e psicodélico com guitarra e beats eletrônicos. Percebi, ali, identificação instantânea e propus um encontro no qual surgiram as composições deste trabalho. A motivação inicial era mesclar poesia falada com música, mas ambas se amalgamaram de uma forma bastante natural, dialogando com o universo da canção. Não prevíamos isso, mas aconteceu”, explica o poeta e multiartista Caco Pontes.
Ao longo de 11 anos desde aquele primeiro encontro, Caco Pontes e Rafa Eko se encontravam de tempo e tempo na tentativa de produzir as 4 músicas, com as quais se apresentaram em alguns eventos culturais, casas de shows e pequenos festivais, bem antes de nascer o Baião de Spokens. Somente em 2019 foi dado o start inicial da produção, incorporado pelo grupo em consenso, para chegar ao resultado buscado por mais de uma década, em um trabalho bastante lapidado e que não perdeu o “prazo de validade”.
Assim como os elementos míticos capturados pela poesia de Caco, as composições resistiram ao tempo e seguem transmitindo sua mensagem, reiterando que a força da oralidade não se perde. As faixas possuem tempos maiores que os padrões de mercado atual, retomando aspectos de música progressiva e rap nacional dos anos 90, sem a preocupação de precisar atender a determinadas regras de mercado.
Junto ao EP será lançado um mini doc. feito pelo fotógrafo e videomaker Marcos Zenin, com utilização de imagens captadas a partir de 2019, revelando momentos do processo criativo deste trabalho. A capa tem assinatura do artista Rômulo Alexis, mesmo responsável pela arte do single “Ïdade Ruydosa”, uma parceria com BNegão, que vem obtendo repercussão positiva em críticas e matérias sobre o recente lançamento do grupo.
Ficha Técnica
Grupo: Caco Pontes (voz, efeitos), Caleb Mascarenhas (teclados), Felipe Pan Chacon (bateria), Ligia Kamada (voz, vocais) e Lua Bernardo (contrabaixo).
Participações: Ava Rocha, BNegão, Dinho Nascimento, Laya, Thomas Harres.
Composições: Caco Pontes e Rafa Eko
Arranjos: Rafa Eko, Rodrigo Zanettini e Baião de Spokens.
Futura Orquestra: Fernando Goldemberg (trompete), Franco Orlando (sax barítono), Gabriel Eleutério (violino) e Gabriel Parreira (violoncello).
Beats, Scratches e Colagens: DJ B8.
Produção Musical/Guitarras: Rafa Eko.
Mixagem: Duda Gomes.
Masterização: Michael Heilrath.
Mini-Documentário: Zenin Multimídia.
Produção Executiva: Maria Fernanda Carmo e Thabata da Fonseca.
Concepção e Direção Geral: Caco Pontes.
Selo: Amplifica Records.
*Gravado por Duda Gomes e João Candau nos estúdios Traquitana, Colmeia no Carvalho e por integrantes do projeto em suas próprias residências. Bateria e percussão de ‘Alice Lambrusko’ por Rodrigo Silva e Mano Miranda, respectivamente.