Se encontraram na hora marcada; ele tirou apressadamente as roupas dela, com uma urgência quase visceral. De pé, algo constrangida ao ser tão minuciosamente observada, a Sra. Martins estava finalmente nua à sua frente. Era chegado o momento da verdade.
– Apaga a luz. – Pedro pediu.
– Mas por quê…
– Apaga!
Ela apagou. Pela janela, entrava pouca claridade. Não era noite de lua, e as estrelas estavam cobertas por espessas nuvens. Na casa, todas as luzes estavam apagadas. Nada brilhava em lugar nenhum.
– Não brilha. Merda, não brilha! Ah, mas esse puto do Cláudio vai ver só…
A Sra. Martins, atônita, olhava pela janela.
– O que não brilha? Do que você está falando?
– Sua boceta. Sua boceta, porra! Deveria brilhar!
Depois de alguns segundos de silêncio e incompreensão, a Sra. Martins deixou escapar uma longa e estrepitosa gargalhada. Ainda rindo, acendeu a luz.
– Qual é a graça? – perguntou Pedro, mal-humorado.
Ela não respondeu: foi até o armário. Abriu a porta, pegou um pequeno vidrinho, e derramou o conteúdo entre as suas coxas carnudas. Brilhos e mais brilhos.
– Purpurina azul. – ela disse. – Seu amigo me conheceu no Carnaval. Estava muito bêbado. – Depois de uma pausa, continuou: – Eu também.
Ela apagou a luz e então sim Pedro pôde ver, ainda que com uma luz extremamente pálida, a vagina da Sra. Martins brilhando como um farol ao longe, muito longe, no meio do nevoeiro, emitindo sinais em alto mar. De qualquer modo, foi o suficiente para que Pedro pulasse sobre ela com um grito que poderia se definir como primevo, penetrando-a violentamente, forçando a entrada do pênis ereto na vagina com ferozes estocadas, grunhindo como um animal insano, não se importando com os gritos dela, fossem estes de prazer ou de dor. Talvez fosse porque a decepção despertou nele uma fúria brutal que ele descarregou através do sexo; talvez, ao contrário, porque a mera visão de uma vagina brilhando no escuro, ainda que não do modo esperado, foi o suficiente para incitar seu desejo e fazer explodir a ansiedade que ele carregara durante tantos meses. Não importam as razões: o fato é que Pedro fodeu aquela mulher como jamais fodera mulher nenhuma em toda a sua vida. E foi bom.