Millôr Fernandes (1923-2012) foi um desenhista, humorista, tradutor, escritor e dramaturgo brasileiro. Era um artista com múltiplas funções. Escreveu colunas de humor para as revistas O Cruzeiro e Veja, para o tabloide O Pasquim, e para o Jornal do Brasil.
Millôr Viola Fernandes nasceu no bairro do Méier, no Rio de Janeiro, no dia 16 de agosto de 1923. Era filho do engenheiro Francisco Fernandes um imigrante espanhol, e de Maria Viola Fernandes. Deveria ter se chamado Milton, mas a caligrafia do tabelião o fez Millôr.
Começou a trabalhar ainda jovem na redação da revista O Cruzeiro, iniciando precocemente uma trajetória pela imprensa brasileira que deixaria sua marca nos principais veículos de comunicação do país.
No começo dos anos 40, Millôr começou a assinar a coluna “O Pif-Paf” para a revista “O Cruzeiro”, em parceria com o cartunista Péricles. Continuou assinando com a alcunha, mesmo durante o período áureo na revista, entre 1945 e início dos anos 60.
Como desenhista, dividiu o primeiro lugar com o americano Saul Steinberg, em um concurso realizado na Exposição Internacional do Museu da Caricatura de Buenos Aires, em 1956.
No ano seguinte, organizou uma exposição individual com seus desenhos e pinturas no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
Em 1963, publicou em O Cruzeiro uma versão da história de Adão e Eva, que despertou a ira religiosa dos leitores e terminou com sua demissão da revista, acusado de fazer matéria “insultuosa às convicções religiosas do povo brasileiro”.
Em seus mais de 70 anos de carreira produziu de forma prolífica e diversificada, ganhando fama por suas colunas de humor gráfico em publicações como Veja, O Pasquim e Jornal do Brasil, entre várias outras. Em seus trabalhos costumava valer-se de expedientes como a ironia e a sátira para criticar o poder e as forças dominantes, sendo em consequência confrontado constantemente pela censura. Dono de um estilo considerado singular, era visto como figura desbravadora no panorama cultural brasileiro, como no teatro, onde destacou-se tanto pela autoria quanto pela tradução de um grande número de peças.
Com a saúde fragilizada após sofrer um acidente vascular cerebral no começo de 2011, morreu em março de 2012, aos 88 anos de idade.
Além de seu espírito provocador, Millôr tinha uma grande capacidade de criar aforismos e suas ilustrações estavam repletas de humor e criatividade.