Lucélia Santos, durante a narração, fornece dados relativos à questão agrária. Evidenciam-se as desigualdades relativas à produção agropecuária no Brasil e são apresentadas imagens de arquivos, vídeos de reportagens televisivas com os desdobramentos das declarações do presidente José Sarney e parlamentares como Mario Covas.
Rose nos é apresentada como uma mulher determinada e engajada. Ao ser questionada sobre a opinião do marido diz: “Ele não queria que eu fosse… mas eu disse eu vou”. Essa maneira de retratar e dar voz às mulheres atribui ao filme um sentindo político que valoriza a participação feminina nas lutas sociais.
Um dos pontos altos é a mostra da fala tranquila e firme de Rose em contraposição a fala premeditada e vacilante do “proprietário rural”, Bolívar Annoni. Isto coloca os relatos em perspectiva e evidencia a articulação de Rose frente ao atrapalhado Bolívar, que chega a repetir a cantilena ventilada durante o regime ditatorial de “ameaça da influência comunista” e “perigoso clero”.
Mas, após tomarmos conhecimento da trajetória desses trabalhadores na luta por Reforma Agrária, vivenciamos a tristeza: Rose morre atropelada em condições suspeitas. Provavelmente mais um dos assassinatos entre tantos, nos mais de 2.000 focos de conflito por terra no Brasil à época.
Nos instantes finais, associados a Marcos, a esperança ganha a cena: Rose segurando seu filho diz: “Espero que quando ele esteja grande, tudo isso não seja em vão, que tenha futuro melhor”.